O presidente da Assembleia Legislativa, deputado Adriano Galdino (PSB), reprovou a atitude de parlamentares que em audiência pública convocada para ontem a fim de discutir a crise hídrica do Estado passaram o tempo culpando governos anteriores e o atual governo pela calamidade existente. “A crise é resultado das picuinhas e da falta de união dos políticos nordestinos, especialmente a classe política paraibana, no tocante à responsabilidade que cabe ao Estado”, desabafou Adriano, acrescentando: “Infelizmente, nós, políticos, continuamos com a mania de torcer contra quem está no poder, e o palanque eleitoral nunca é desarmado. Quem sofre com isso é a população”.
A audiência pública ficou praticamente esvaziada – de 36 deputados, menos de 20 estiveram presentes. Na ocasião, o secretário João Azevedo, dos Recursos Hídricos, acentuou que a única forma do governo colaborar para melhorar o problema da falta d’agua em Campina Grande e cidades vizinhas – tema levantado pela deputada Daniella Ribeiro, do PP – é cobrar e incentivar o governo federal à conclusão das obras de transposição do rio São Francisco. De acordo com Azevedo, com a conclusão das obras o governo do Estado poderá atuar na desobstrução da calha do rio, nas obras que precisa iniciar em Camalaú e Poções e fazer um trabalho de melhoria se houver necessidade na qualidade da água. Acrescentou: “A partir da conclusão da transposição é que começa a ser feito o bombeamento entre as estações até que chegue à Paraíba”.
A deputada Daniella Ribeiro foi enfática: “Eu não gostaria de ser governadora do Estado da Paraíba e não ter o poder de olhar para os meus técnicos e dizer que quero uma solução para essa situação e vamos achá-la porque solução existe. Agora, é preciso sensibilidade, é preciso prioridade”. A deputada reclamou, ainda, que o Estado tem um orçamento fictício, “um elemento que tem uma aparência para cumprir uma formalidade mas que na prática não é efetivado”. Adriano Galdino lembrou que a transposição do São Francisco foi inicialmente cogitada no governo imperial de Dom Pedro II e de lá para cá nada se resolveu em face da desunião dos políticos e das elites dirigentes. “Se tivesse havido união e briga pela transposição, a obra teria sido feita há bastante tempo”, prognosticou.
O secretário João Azevedo informou aos parlamentares que o governador Ricardo Coutinho já está se preparando para a chegada das águas do rio São Francisco. “Estamos contratando uma empresa para fazer a retificação da calha. A Cagepa está, junto com a prefeitura de Monteiro, fazendo o trabalho de melhoria do esgotamento sanitário, que já é o primeiro passo para a chegada da transposição”. O deputado Guilherme Almeida, do PSC, cobrou uma ação mais rápida, tendo em vista que o açude de Boqueirão, no entorno de Campina Grande, está apenas com 6% da sua capacidade. Ele também defendeu a necessidade de busca de parcerias com o governo federal para melhorar a situação. O deputado Tião Gomes, que se esforçou para isentar a gestão de Ricardo Coutinho de maior responsabilidade, apontou para os políticos campinenses, lembrando que a cidade já teve três ministros e governadores, que não teriam agido. Daniella, irmã do ex-ministro das Cidades Aguinaldo Ribeiro, considerou a fala como “bajulação” e “inveja”.
Por NONATO GUEDES