Já na campanha eleitoral de 1986, quando foi candidato a governador da Paraíba pelo voto direto, concorrendo pelo PFL, o então senador Marcondes Gadelha colocou em pauta a bandeira da modernização do Estado, que os próprios aliados de Wilson Braga, seus apoiadores, tiveram dificuldades de assimilar. Gadelha fazia projeções futuristas como uma espécie de Hermann Khan da política. Estão faltando apenas 14 anos para o ano 2000. Ou nós assumimos a modernização ou ficaremos como mendigos na beira da estrada, exortava Gadelha nas suas intervenções no Guia Eleitoral. Tarcísio Burity, adversário de Marcondes, que o bateu nas urnas por quase 300 mil votos de maioria, desdenhava do projeto de modernização. É o projeto de um lunático. Gadelha quer superar São Paulo em quatro anos, esquecendo que a recuperação da Paraíba é um processo lento e não imediato, concluía Burity.
Em 2010, ao assumir o governo da Paraíba, Ricardo Coutinho (PSB) tornou-se o primeiro gestor da era digital e das redes sociais. Anunciou seu secretariado pelo Twitter, ferramenta de que se valeu, também, para transmitir notícias favoráveis aos habitantes da Paraíba. Talvez por isso, anunciou no discurso de posse que estava surgindo uma nova realidade e que os instrumentos disponíveis seriam utilizados para favorecer diferentes camadas da população. Um terceiro político, Cássio Cunha Lima, já na primeira campanha para o governo, em 2002, quis inovar, acenando com a perspectiva de despachar com prefeitos municipais via internet. O aceno não repercutiu favoravelmente junto a gestores ainda prisioneiros de mentalidades arcaicas. É preciso desmistificar essa concepção de que a modernidade é alguma coisa muito sofisticada. Pelo contrário, é uma ferramenta essencial para modernizar a administração pública e facilitar a tomada de decisões rápidas, destacou Cássio, vendendo as virtudes da videoconferência que intentava fazer funcionar. As resistências levaram Cunha Lima a mesclar arrojados instrumentos modernos com práticas comuns enraizadas na administração pública.
Os três políticos, em circunstâncias diferentes, mobilizaram-se no sentido de enquadrar a Paraíba na chamada modernidade tecnológica, que começara a ser uma espécie de instrumento cortejado por quem chegava ao poder. A plataforma de Cássio como candidato, por exemplo, tinha por parâmetros a legalidade, a impessoabilidade, a moralidade pública e a economicidade. Marcondes Gadelha, por sua vez, trabalhava em cima de dados irrefutáveis. Lembrava que na Paraíba havia ocorrido migração de 30% dos habitantes por falta de condições de trabalho além do mais, as taxas de mortalidade eram altíssimas. A participação da Paraíba no chamado Produto Interno Bruto era de menos de meio por cento e a expectativa de vida por aqui era menor que em outros Estados do país.
– Em suma sintetizava Marcondes em outras partes o homem está indo à luta ou implantando fazendas no fundo dos mares. Na Paraíba, é só atraso, é só subdesenvolvimento. Não podemos continuar a ser um exportador de mão de obra, um verdadeiro armazém de desempregados. Abrangente, a plataforma de Gadelha contemplava investimentos na educação e tecnologia, sem se descurar da eletrificação e irrigação. No arremate, Marcondes frisava: Eu sei que não faço milagres, mas é preciso pensar na modernização para não sucumbirmos. Apesar das manifestações de ceticismo ou de ironia, Gadelha, Cássio e Ricardo demonstraram, naqueles períodos, que estavam a anos-luz do atraso e do empobrecimento das unidades federativas. Fizeram sua parte para situar a Paraíba no contexto de um processo de modernização que continua em curso, agora recorrendo a tecnologias mais proativas para o desenvolvimento dos Estados.
Nonato Guedes