O presidente da Câmara Federal, deputado Rodrigo Maia, do Democratas, prometeu, ontem, que se esforçará para blindar a Câmara de qualquer crise institucional que surja no horizonte político brasileiro. Sem fazer qualquer referência direta ao caso das mensagens entre o ministro da Justiça, Sérgio Moro, e procuradores da Lava-Jato, como Deltan Dallagnol, na época em que o ministro era juiz, o deputado disse que o foco da Casa é nas reformas que estão em tramitação ou discussão.
– Temos compromisso com todos os projetos e reformas que são essenciais para o Brasil. Nada é mais importante do que o resgate da credibilidade ou da confiança, com o equilíbrio das contas públicas e a geração de empregos no país escreveu Rodrigo Maia no Twitter. O presidente ainda não havia se pronunciado acerca da crise envolvendo o ministro Sérgio Moro, que deverá ir ao Senado no próximo dia 19 para prestar esclarecimentos a respeito de suposta interferência nos rumos da Operação Lava-Jato que condenou políticos ilustres como o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. A oposição na Câmara dos Deputados chegou a anunciar na segunda-feira que irá obstruir todas as votações no Congresso, pleiteando que Moro seja afastado do cargo.
O presidente Jair Bolsonaro manteve, ontem, o silêncio sobre o vazamento de mensagens do ministro Sérgio Moro e encerrou uma entrevista coletiva ao ser questionado sobre o assunto em São Paulo. Ele respondeu a jornalistas sobre a reforma da Previdência, mas encerrou abruptamente a coletiva quando uma repórter indagou como ele avaliou as questões envolvendo o ministro Moro. Bolsonaro se encontrou com Moro na manhã de ontem e condecorou o auxiliar em um evento da Marinha. A conversa entre os dois no Palácio da Alvorada durou cerca de vinte minutos. O Ministério da Justiça manifestou-se apenas por meio de nota, dizendo que Moro e Bolsonaro tiveram uma conversa tranquila sobre a invasão criminosa de celulares de juízes, procuradores e jornalistas.
Ficou decidido que o ministro da Justiça irá ao Senado na quarta-feira da semana que vem prestar esclarecimentos depois do vazamento de mensagens trocadas entre o ex-juiz e o procurador Deltan Dallagnol. Para tentar minimizar seu desgaste, o próprio ministro se ofereceu para ir à Comissão de Constituição e Justiça do Senado. A avaliação é de que o Senado é um território menos hostil que a Câmara e que a comissão tem um ambiente controlado. Em nota, Sérgio Moro desmentiu que haja no material revelado pelo site The Intercept Brasil qualquer anormalidade de direcionamento da sua atuação como magistrado.
Nonato Guedes, com agências