Líder do governo na Câmara, o deputado federal paraibano Aguinaldo Ribeiro (PP) afirmou que, superada a segunda denúncia, o presidente Michel Temer (PMDB) vai se sentar com a base aliada para definir uma agenda positiva para os próximos 14 meses. Ontem, com 12 votos a menos que na votação da primeira denúncia, Temer logrou barrar o prosseguimento da segunda acusação formal contra ele apresentada pela Procuradoria-Geral da República. Foram 251 votos a 233. A sessão na Câmara terminou por volta das 21h30 e evita que o Supremo Tribunal Federal analise a acusação contra Temer e dois ministros – Eliseu Padilha, da Casa Civil, e Moreira Franco, da Secretaria-Geral.
O presidente teve um dia agitado e chegou a ser internado no início da tarde no Hospital do Exército, onde passou por um procedimento emergencial de desobstrução do canal da bexiga. Recebeu alta pouco depois das 20h, fez sinal positivo, disse estar “inteiro” e seguiu para o Palácio do Jaburu, onde acompanhou o desfecho da votação na Câmara dos Deputados. Temer estava no Palácio do Planalto desde as 9h; no final da manhã, sentiu dores e dificuldade para urinar. Passou pelo serviço médico do Planalto e, de lá, foi encaminhado ao Hospital do Exército. O senador paraibano Raimundo Lira (PMDB) foi o primeiro parlamentar a visitar o presidente, que teve a companhia da primeira-dama Marcela Temer. A transferência para São Paulo chegou a ser cogitada por estar lá o médico particular de Temer, o cardiologista Roberto Kalil Filho, do Hospital Sírio-Libanês, mas como não houve agravamento do quadro o mandatário permaneceu em Brasília.
No que diz respeito à agenda que deverá ser tocada de agora em diante, a reforma da Previdência, que foi prioridade do governo no primeiro semestre, agora é dúvida, diante das fortes críticas que partem de integrantes da própria base governista. Esse cenário levou Aguinaldo Ribeiro a pontuar que deve ser feita uma avaliação com os aliados sobre a conveniência ou não de levar a plenário a proposta de reforma da Previdência. Aguinaldo Ribeiro procurou relativizar as críticas ao governo por oferta de cargos e liberação de emendas. “Esta é uma relação institucional que se mantém. Esta relação não é estanque. Todo dia tem uma demanda. Não se dá por conta deste momento”, explicou o deputado paraibano.
Já o deputado federal Efraim Filho, do Democratas-Paraíba, assim reagiu ao pronunciamento da Câmara no caso Temer: “Nós não podemos nos trancar numa redoma de arena política e esquecer da vida que passa lá fora. Temos uma agenda de segurança pública para ser levada adiante. Temos uma sociedade que é refém do medo, da violência e das drogas”. No entendimento de Efraim Filho, a Câmara Federal tem a obrigação de se manter atenta à voz das ruas e, desta forma, dar prioridade máxima à chamada Agenda Brasil.
Nonato Guedes