O secretário de Educação da Paraíba, Aléssio Trindade, classificou de ideia maluca a decisão do Ministério da Educação de exigir que alunos e professores da rede pública cantem o Hino Nacional nas escolas e sejam filmados. A medida ocasionou controvérsias em várias regiões do país e acabou levando o ministro Ricardo Vélez a dar última forma à decisão, encaminhando novo e-mail a autoridades educacionais com a retirada do slogan Brasil acima de tudo, Deus acima de todos, usado pelo presidente Jair Bolsonaro na campanha como candidato ao Planalto. O uso do slogan foi considerado um equívoco pelo MEC e ficou claro que a gravação em vídeo pode ser voluntária, feita com autorização legal da pessoa filmada ou de seus responsáveis.
O ministro havia alegado que a atividade fazia parte da política de incentivo à valorização dos símbolos e que as imagens deveriam ser usadas para material institucional. O secretário paraibano Aléssio Trindade foi enfático: Com relação aos alunos terem disciplina, respeito aos símbolos nacionais, é normal. Isso é praticado nas nossas escolas. O que é anormal é uma autoridade, individualmente, sem conversar com ninguém, passando por cima da autonomia dos Estados, estimular uma disputa político-ideológica que não tem o menor sentido. Aléssio, em entrevistas, ponderou que há outros problemas mais graves na educação do país que precisam ser debatidos, explicando que 50% dos jovens do Nordeste chegam ao quinto ano do ensino fundamental sem saber ler. O governo tem que olhar para isso, exortou.
Em Pernambuco, a secretaria de Educação e Esportes também se manifestou contrária à solicitação do Ministério da Educação. Em nota oficial, revelou ter sido surpreendida com o envio da carta pelo Ministério da Educação às escolas. Destacamos que esse tema nunca foi tratado de maneira institucional. Nosso entendimento é o de que essa ação do MEC fere a autonomia da gestão em nossas escolas, e especialmente a dos entes da Federação, salientou. Nesse contexto, o secretário deixou claro que a medida proposta não teria nenhuma aplicada nas escolas da rede pública de Pernambuco. O governador da Paraíba, João Azevedo, do PSB, fez coro com o repúdio à decisão, considerando-a esdrúxula e atentatória à liberdade democrática. Na Paraíba, nós temos Escolas Sem Partido. Isso é Lei, enfatizou o governador Azevedo.