Embora a candidatura do secretário de Recursos Hídricos e Infraestrutura, João Azevedo, ao governo do Estado pelo PSB, não empolgue muito os socialistas e aliados do governador Ricardo Coutinho, devido à falta de histórico de militância política do postulante, os liderados do atual gestor confiam na sua habilidade para a vitória do esquema nas eleições de 2018. “O governador sabe o que está fazendo e, naturalmente, avalia o que é melhor para o agrupamento que lidera, colocando-se na perspectiva de quem não está enfronhado diretamente na pré-disputa mas também não está distante dela, pelo contrário”, teoriza o deputado estadual Jeová Campos, do PSB, observando que não há clima de derrotismo antecipado nas hostes ricardistas.
Esse raciocínio é ampliado pelo presidente da Assembleia Legislativa, Gervásio Maia, também do PSB, e cujo nome chegou a ser cogitado como alternativa para concorrer ao Palácio da Redenção. “O governador vivenciou até agora os embates que tinha que vivenciar nos termos das conjunturas políticas. Aliou-se e desaliou-se de algumas lideranças políticas em razão de circunstâncias ditadas pelo momento. Ninguém melhor do que ele para sinalizar uma bússola que permita a travessia tranquila pelos seus comandados”, revelou Gervásio Maia, que confirma estar celebrando composições nos municípios em apoio a uma candidatura sua a deputado federal.
O presidente estadual do PSB, Edivaldo Rosas, admite que a insistência do governador Ricardo Coutinho em não ser candidato ao Senado ou a qualquer outro mandato eletivo, preferindo permanecer no exercício do mandato até o último dia, em princípio pode desmotivar alguns correligionários. Mas acentua que o engajamento do chefe do Executivo quer no “front” administrativo, acelerando obras, quer no “front” político, respondendo a provocações de adversários, cria uma atmosfera de confiança. Para ele, não se trata de manifestação de favoritismo, e nem isto seria pertinente, uma vez que não há um desenho mais nítido do quadro de adversários que vão se enfrentar em 2018. “Mas o carisma do governador é indiscutível junto ao grupo que o acompanha e isto é positivo para as jornadas que virão”, acrescenta.
O jornalista Nonato Bandeira, que deverá ser candidato a deputado federal pelo PPS e que está na Chefia de Gabinete do governador Ricardo Coutinho, diz que é elogiável o fato de Ricardo vir mantendo a situação econômica-financeira da Paraíba sob controle mesmo não estando alinhado ao governo do presidente Michel Temer, do PMDB. “É evidente que o desalinhamento com o governo federal pode dificultar pleitos de interesse da Paraíba, ainda mais porque o governador Ricardo Coutinho, na sua linha de autenticidade, não tem disfarçado a simpatia e o relacionamento amistoso com os ex-presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff”, salienta Bandeira, para arrematar: “O que se percebe é que o governador está preparado para qualquer contingência e isto lhe dá uma credibilidade enorme junto até mesmo aos procuram combatê-lo a pretexto de nada”. Esses aliados do governador, por fim, não acreditam numa ruptura do clã Feliciano, comandado pela vice-governadora Lígia, do PDT,e seu marido, o deputado federal Damião. Lígia tinha a expectativa de assumir o governo com uma renúncia de Ricardo e a perspectiva de ser candidata à reeleição nesse posto. Os planos de Ricardo, todavia, atropelaram qualquer planejamento nesse sentido. Mesmo assim, o deputado Damião Feliciano assegura que não há ânimo de rompimento da parte do seu grupo com o governador Ricardo Coutinho.
Nonato Guedes