A dinâmica política pode estar começando a produzir efeitos na Paraíba. Os aliados do governador Ricardo Coutinho (PSB) animam-se com a possibilidade de que ele venha a assumir uma candidatura a senador nas eleições deste ano. A imagem de RC como gestor é tida como essencial para fortalecer candidaturas proporcionais e outras majoritárias no seu esquema. Até então, Coutinho tem insistido em afirmar que não cogita entrar no páreo e que deseja permanecer no governo até o último dia do mandato, como estratégia para pavimentar a candidatura do secretário João Azevedo à sua sucessão.
Nas últimas horas, contudo, alguns gestos sinalizados por Ricardo alimentaram a expectativa de que ele atenda às ponderações e concorra ao Senado. Um dos gestos foi a antecipação para os meses de fevereiro e março da realização do ciclo de audiências públicas do Orçamento Democrático. Também foi antecipada a entrega de inúmeras obras que a atual administração vem implementando em diferentes regiões. Uma avaliação feita pelo portal G1 demonstrou que Ricardo é um dos governantes com maior crédito por cumprir promessas de campanha eleitoral ele teria cumprido 53% das metas anunciadas em palanque. O prazo de desincompatibilização para que o gestor possa concorrer a outro mandato é sete de abril.
Fontes próximas ao governador asseveram que ele está sendo convencido de que será o grande orador e ao mesmo tempo o grande eleitor no palanque, pela forma incisiva como aborda as questões, sem fugir ao enfrentamento, inclusive, das mais polêmicas, e pelo saldo de realizações que tem a apresentar. A candidatura de João Azevedo, secretário de Infraestrutura e Recursos Hídricos, somente agora começa a ser absorvida por militantes, filiados e políticos com mandato ligados à orientação de Ricardo. De qualificações técnicas irrepreensíveis, Azevedo nunca concorreu a um mandato eletivo, o que foi encarado há algum tempo como ponto negativo para o empuxo da candidatura. Ricardo sempre deixou claro que, pelo contrário, essa condição favoreceria Azevedo, num momento em que há desgaste de políticos de expressão e de partidos antes hegemônicos, agora envolvidos em escândalos.
A perspectiva é de que o governador, diante da bola de neve que vai se formando para motivá-lo a permanecer na atividade política, retome os contatos com aliados e com figuras de expressão de outras legendas para formatar chapa competitiva que tenha condições de derrotar seus atuais adversários. Entre deputados ricardistas, diz-se que o governador sabe o tempo exato para tratar de política e oferecer as melhores soluções. Esse é o combustível que devolve a esperança ao agrupamento ricardista.
Nonato Guedes