O ex-ministro do Supremo Tribunal Federal, Joaquim Barbosa, participou, ontem, da primeira reunião com o comando nacional do PSB colocando em dúvida a possibilidade de disputar a sucessão presidencial. Ele constatou que há resistências à sua postulação, sobretudo, entre lideranças nordestinas filiadas ao PSB, que preferem uma aliança do partido com o PT nas eleições de outubro. O governador da Paraíba, Ricardo Coutinho, que já decidiu permanecer no cargo até o último dia do mandato, é um dos defensores da composição com o PT, preferencialmente em torno da candidatura do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que até o momento é uma incógnita, diante da sua condenação e prisão.
Depois de um encontro de duas horas, o próprio Joaquim Barbosa salientou que ainda não se convenceu se realmente deseja ser candidato à presidência da República e antecipou que sua família é contrária ao seu lançamento ao Palácio do Planalto. Ele ganhou projeção por ter sido o primeiro negro a integrar a Corte Suprema do país, bem como por ter sido alçado à presidência da instituição em momento dramático da conjuntura institucional brasileira. Barbosa notabilizou-se, ainda, por ter sido o relator do chamado mensalão, escândalo de propina paga a parlamentares da base governista de Lula para votarem favoravelmente a matérias do Executivo. Foi ele que despachou ordens de condenação e prisão de figuras de destaque da cúpula do Partido dos Trabalhadores e de outras legendas consorciadas.
Numa entrevista que concedeu após a reunião com a cúpula do PSB, Joaquim Barbosa mencionou dificuldades para assumir a função de candidato, tais como resistências em alianças regionais, problemas pessoais e seu incômodo com o assédio da imprensa. Não consegui, ainda, convencer a mim mesmo de que devo ser candidato, resumiu. O presidente nacional do PSB, Carlos Siqueira, revelou que a direção ainda vai insistir com Joaquim Barbosa na discussão de flexibilização de pontos essenciais para o partido e que somente após isso poderá tomar posicionamento sobre a retirada ou não da sua pré-candidatura.
Nonato Guedes