O presidente da Federação das Indústrias do Estado da Paraíba, Francisco de Assis Benevides Gadelha (Buega), admitiu em evento de confraternização com a imprensa que o segmento empresarial está se “descolando” da política e procurando amadurecer posições diante da conjuntura que o país enfrenta. Ele ressaltou que esse “descolamento” é uma consequência natural da crise política que gerou inúmeras denúncias sobre escândalos de corrupção envolvendo representantes do setor produtivo, de permeio com prisões de expoentes das forças empresariais ativas.
“Buega” disse lamentar que o cenário no Brasil tenha registrado episódios de relações incestuosas entre políticos e empresários ou vice-versa, ao invés de ocorrer uma relação transparente até no financiamento de campanhas e na formulação de propostas e reivindicações dos empresários, susceptíveis de serem encampadas pelos representes políticos. O dirigente da Fiep lembrou o período em que empresários tomaram-se de ânimo para ingressar na política e surpreenderam com ações proativas nas Casas Legislativas ou nos governos estaduais e federal. Um exemplo paradigmático, para ele, no plano nacional, foi o da participação do empresário José Alencar, de Minas Gerais, como vice de Lula, nas duas eleições em que este saiu vitorioso, em 2002 e 2006.
Para Gadelha, Alencar, embora discordando de pontos da política econômica do governo de que fazia parte, ofereceu contribuições relevantíssimas ao advertir para o risco de instabilidade da situação devido aos altos juros que eventualmente estavam sendo cobrados. “Ele demonstrou, dentro do governo, a percepção clara de que equívocos na condução da política econômica formulada pelo poder central poderiam inviabilizar empreendimentos, privando os empresários da missão em que eles são mais eficientes: organizar empresas prósperas, gerar emprego e renda. O presidente da Fiep esclarece que o momento é de autocrítica – e que essa postura deve abarcar o próprio empresariado, diante da responsabilidade imensa que tem na condução de grandes demandas de interesse público.
“Buega” concluiu suas avaliações criticando o fato de que grandes grupos de comunicação estão “falando mal do Brasil”. Observa que é uma postura impatriótica e que apenas afasta investidores, além de criar uma atmosfera de incerteza internamente, o que não é salutar para a caminhada da própria sociedade, sempre convocada a entrar com sacrifícios dentro da missão de soerguer a economia do país e fazer com que o Brasil continue trilhando o caminho do desenvolvimento. “Espero que as lições aprendidas em momentos dramáticos da situação brasileira sejam profiláticas e colaborem afirmativamente para os avanços desejados”, arrematou ele.
Nonato Guedes