Os candidatos a governador da Paraíba adotaram estratégia de distanciamento dos postulantes de seus partidos à presidência da República, como estratégia para evitar vinculação com fatos e posicionamentos que podem contaminá-los negativamente, conforme matéria do repórter André Gomes, publicada na edição de hoje do jornal Correio da Paraíba. O cientista político Lúcio Flávio Vasconcelos, da UFPB, atesta que os candidatos João Azevêdo (PSB), Lucélio Cartaxo (PV) e José Maranhão (MDB) não estão fazendo campanha para os respectivos candidatos a presidente Luiz Inácio Lula da Silva(Fernando Haddad), do PT, Marina Silva, do Rede e Henrique Meirelles, do MDB. Para Lúcio Flávio, a decisão é motivada por pragmatismo político, a fim de preservar os candidatos locais de fatores desgastantes no plano nacional.
O cientista político detém-se no exemplo do candidato João Azevêdo, lançado com o apoio do governador Ricardo Coutinho, do PSB. Conforme avalia, a estratégia de João é apresentar-se como um técnico, sem passado político que o vincule ao PT, envolvido num profundo escândalo de corrupção. Vasconcelos observa que mesmo com Lula liderando pesquisas de intenção de voto, há uma parcela da sociedade que não o apoia, daí a ausência da defesa da candidatura do ex-presidente de forma mais enfática. Em paralelo, há a pendência sobre o registro da candidatura de Lula, que está preso e cumpre pena na Polícia Federal em Curitiba, o que já levou o PT a promover substituição, com o nome de Fernando Haddad, ex-prefeito de São Paulo, que tenta se apresentar como herdeiro do ex-presidente. Haddad, inclusive, esteve em João Pessoa pedindo votos já na condição de postulante-substituto.
Já o candidato do MDB a presidente, Henrique Meirelles, é tido como um ilustre desconhecido da população. Além do mais, o fato de ter sido ministro do presidente Michel Temer, que detém elevado índice de reprovação, faz com que sua defesa seja prejudicial para qualquer candidato. É por isso que o emedebista José Maranhão, que lidera pesquisas na corrida ao governo paraibano, evita falar ou até pedir votos para seu colega de partido. Da mesma forma, o candidato Lucélio Cartaxo, do PV, não defendeu nenhum nome para presidente, nem mesmo o de Marina Silva, do Rede. A mesma coisa acontece com Geraldo Alckmin, do PSDB, que não é incensado na Paraíba por políticos como o senador Cássio Cunha Lima, que postula a reeleição na chapa de Lucélio. Lúcio Flávio opina que apenas os candidatos Tárcio Teixeira, do PSOL, e Rama Dantas, do PSTU, pedem votos para os respectivos candidatos a presidente, Guilherme Boulos, e Vera Lúcia. No PDT, a vice-governadora Lígia Feliciano, que concorre à reeleição na chapa do socialista João Azevêdo,tem estado, inclusive, em palanques ao lado do presidenciável Ciro Gomes, mas Azevêdo não participa desses eventos. Com isso, os temas estaduais acabam ganhando prioridade absoluta nos Guias Eleitorais e nas manifestações de rua dos postulantes ao governo, faltando pouco menos de um mês para as eleições.
Da Redação