O Ministério Público Eleitoral impugnou a candidatura do senador Lindbergh Farias (PT-RJ) à reeleição no pleito deste ano, com base em pressupostos da Lei da Ficha Limpa. O parlamentar deverá ter direito de defesa mas, ontem, mesmo, protestou contra a decisão tomada, sob alegação de que é uma afronta a decisões de outras Cortes que o absolveram de denúncias de irregularidades praticadas quando era prefeito de Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense.
Natural de João Pessoa, na Paraíba, mas com militância política firmada no Rio de Janeiro, Lindbergh Farias foi acusado pela Procuradoria do MPE de ter tido contas reprovadas pelo Tribunal de Contas do Estado referentes a contratos celebrados durante sua administração em Nova Iguaçu. De acordo com a Lei da Ficha Limpa, que foi promulgada em 2010 pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, candidato condenado em órgão colegiado torna-se inelegível pelo período de até oito anos. Lindbergh Farias, que também foi presidente da União Nacional dos Estudantes e liderou manifestações de cara-pintadas reivindicando o impeachment do então presidente Fernando Collor de Mello em 1992, é interlocutor privilegiado do ex-presidente Lula, que está preso e recolhido à Superintendência da Polícia Federal em Curitiba.
O parlamentar já havia sido mencionado, anteriormente, como suposto beneficiário de vantagens financeiras indevidas repassadas pela construtora Odebrecht como contrapartida a serviços da empreiteira que contratou na administração pública. Ele insistiu em afirmar, ontem, ao tomar conhecimento da impugnação aplicada pelo MPE, que está sendo alvo de acusações requentadas e desafiou os órgãos de investigação a apresentarem provas concretas que o incriminem. Lindbergh Farias havia cogitado candidatar-se este ano a deputado federal, temendo os riscos de desgaste do Partido dos Trabalhadores com os escândalos envolvendo figuras de proa da legenda, mas decidiu tentar renovar o mandato no Senado, estando, agora, sub judice e passível de prejuízos na campanha eleitoral, diante das medidas que precisará tomar em sua defesa. Enquanto isso, o senador Fernando Collor de Mello (PTC), desponta com chances na eleição para o governo de Alagoas a que está concorrendo.
O parlamentar pretendia concorrer este ano à presidência da República como forma de obter reparação histórica pelo impeachment que sofreu em 1992, acusado de envolvimento com o esquema PC Farias (referência ao ex-tesoureiro de sua campanha presidencial). Teria decidido disputar novamente o governo de Alagoas após concluir que o cenário nacional está muito indefinido e seria desfavorável a uma pretensão sua de retornar ao Palácio do Planalto. Para concorrer ao governo de Alagoas, que o projetou como caçador de marajás na campanha de 89, Collor promoveu uma aliança com o PSDB do presidenciável Geraldo Alckmin, que é associado ao chamado Centrão, com ramificações no Congresso Nacional.
Nonato Guedes