Apesar de ressaltar a sua amizade pessoal com o senador Aécio Neves, o senador paraibano Cássio Cunha Lima (PSDB) admitiu que é inegável o sentimento dominante no partido para que o sobrinho do falecido ex-presidente Tancredo Neves formalize sua renúncia à presidência nacional da legenda, que está sendo ocupada interinamente pelo senador Tasso Jereissati (CE). Aécio retomou o mandato parlamentar, ontem, após a decisão do plenário do Senado derrubando a decisão do Supremo Tribunal Federal que o havia afastado por causa de denúncias de recebimento de propinas.
Cássio fez coro com Tasso na proposta para a saída de Aécio do comando da legenda. O parlamentar paraibano frisou: “Acho que a manifestação pública que eu fiz e que o senador Tasso Jereissati fez vai ter algum efeito na reflexão de Aécio Neves, mas isso não retira o caráter unilateral da decisão e precisamos respeitá-la”. Em João Pessoa, a deputada em exercício Eliza Virgínia, do PSDB, afirmou que a retomada do mandato pelo senador Aécio Neves não o exime de oferecer esclarecimentos concretos em resposta às denúncias que foram formuladas. Eliza disse que em nome do princípio da transparência o senador mineiro deve satisfações à opinião pública.
Para Tasso, Aécio Neves não tem condições de permanecer no posto, daí defender a renúncia definitiva dele à presidência do PSDB. Ao voltar ao Senado após 21 dias afastado, Aécio evitou comentar a sugestão de Tasso e de outros líderes tucanos. “Não trato de questões partidárias pela imprensa”, afiançou o parlamentar. Além de ficar afastado quase um mês do mandato, Neves estava impedido de deixar sua residência à noite. Com a deliberação do plenário do Senado, as cautelares estão suspensas. Tucanos esperam um gesto voluntário de Aécio no sentido de abrir mão do cargo. Avaliam que o partido já se expôs muito ao votar em peso pela liberação do parlamentar e que é hora dele retribuir o “sacrifício” à bancada. Os dez senadores do PSDB votaram nesse sentido, numa sessão com voto aberto. Apenas Ricardo Ferraço (ES) e o próprio senador mineiro não votaram.
O comando do PSDB é tema de queda de braço entre correntes do partido desde o primeiro semestre. Tucanos tinham acordado em deixar para dezembro a escolha definitiva de uma nova executiva nacional. Contudo, o novo afastamento de Aécio reacendeu o debate. A bancada do PSDB no Senado ficou de se reunir nas últimas horas para discutir os desdobramentos da volta de Aécio ao mandato. O senador mineiro foi enfático: “No exercício do mandato irei me defender das acusações absurdas e falsas. Vou trabalhar a cada dia, a cada instante, para provar a minha inocência”.
Nonato Guedes, com agências