Estrela da capa da nova edição da revista “ISTOÉ”, que o trata como a maior novidade na política brasileira e garante que ele se consagra como o adversário direto do líder petista Luiz Inácio Lula da Silva, o prefeito de São Paulo, João Doria, do PSDB, provável candidato tucano a presidente da República, arranca elogios entre os aliados, como o senador paraibano Cássio Cunha Lima, vice-presidente do Senado. “A qualidade do Doria é a firmeza dos posicionamentos, a clareza dos pensamentos e a contundência nos enfrentamentos”, ressaltou Cunha Lima, que já esteve em São Paulo, junto com o filho, o deputado federal Pedro Cunha Lima, para cumprir agenda de visita a Doria e a algumas de suas iniciativas como gestor.
A reportagem da “ISTOÉ” destaca que desde a campanha do ano passado, Doria elegeu Lula como alvo, numa estratégia para tentar polarizar com ele e para ocupar espaços na mídia, já que outros políticos carimbados do PSDB enfrentam desgaste ou denúncias de envolvimento em escândalos, como o senador mineiro Aécio Neves, que enfrentou Dilma Rousseff em 2014 e foi derrotado. O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, interlocutor respeitado dentro e fora do ninho tucano, afirma que Doria é um bom nome para disputar o Palácio do Planalto. E o governador paulista Geraldo Alckmin salienta não saber se Doria será o candidato do seu partido, mas, se for indicado, “será um ótimo candidato”.
O PSDB deverá anunciar o seu candidato a presidente até dezembro e os ventos sopram a favor de Doria, que até então era um ilustre desconhecido no meio político, projetando-se como empresário e como apresentador de reality show em televisão. A matéria de Carlos José Marques e Germano Oliveira na ISTOÉ define Doria como “maior revelação da política brasileira dos últimos tempos” e acrescenta que o prefeito de São Paulo deixou para trás os velhos hábitos de poder, focou na gestão de resultados e passa a ser reverenciado dentro e fora do Brasil, tendo já empreendido viagens a alguns países, onde figura como a sensação. Também é certo que já passou por um outro tabu da política – o apupo: manifestantes contrários a ele atiraram ovos na sua direção, o que levou Doria a sugerir que dirigissem os petardos para os políticos da Venezuela, onde Nicolás Maduro impôs uma Constituinte viciada que desperta protestos nas ruas.
Doria elegeu-se prefeito com mais de três milhões de votos, constituindo-se em fenômeno eleitoral a partir de São Paulo e como integrante da onda azul que varreu o PT do mapa. Doria afirma à revista “ISTOÉ” que há um sentimento de muita contrariedade da população com a classe política, “muitas vezes até de forma injusta”. Mas – acrescenta – isso tem provocado uma opinião muito adversa dos eleitores. Temos que reconhecer que há desgaste da classe política e provavelmente em 2018 tanmbém haverá essa reação em relação ao voto”. Os políticos, no entendimento de Doria, terão mais dificuldade para vencer antipatias populares. Particularmente no que lhe diz respeito, observa que sua responsabilidade hoje é ser prefeito de São Paulo. “E tenho procurado ser umn bom prefeito, trabalhando muito, sendo inovador, transformador, fazendo enfrentamentos e agindo com decência e transparência”.
No capítulo das estocadas de João Doria contra o ex-presidente Lula, há afirmações que beiram a contundência. Como esta: “Trabalho desde os 13 anos e o Lula nunca trabalhou. Vive às custas dos amigos”. Ou esta: “É melhor ser um nada do que ser um ladrão como o Lula. Eu sou o anti-Lula por minha formação. Ser contra Lula é ser a favor do Brasil”. O governador do Paraná, Beto Richa, do PSDB, engrossa o coro de simpatizantes da candidatura do prefeito paulista a presidente da República. “Doria é um empresário e gestor competente. É um dos grandes quadros que temos no PSDB”. Já Marconi Perillo, governador de Goiás, emenda: “O Doria sempre me surpreende por sua capacidade de trabalho, talento e coragem para enfrentar desafios e vencê-los”.
Nonato Guedes