A Lava Jato ainda não acabou. Muitos políticos poderosos envolvidos nas denúncias de corrupção continuam soltos, mas a operação policial que dividiu o Brasil já é coisa de cinema. Literalmente. A pré-estreia do filme Polícia Federal: A Lei é para Todos, que narra os desdobramentos da Lava Jato, já aconteceu, inclusive com a presença do juiz Sérgio Moro na platéia. O fato em si, aliás, já é suficiente para dividir opiniões na imprensa e nas redes sociais.
O poeta e professor Expedito Ferraz Jr. foi irônico e escreveu em seu perfil no Facebook: Vi ontem, por acaso, o trailer de Lava Jato: a lei é para tolos. Ao que tudo indica, é mais constrangedor do que Bruna Surfistinha e menos engraçado do que os Minions. Uma espécie de selfie demorada (com som e movimento) da trupe da Lava Jato da vida real. Parece que, a qualquer instante, o ator da Globo vai olhar pra câmera e fazer um bico de pato. Fiquei procurando as teclas “curtir”, “comentar” e “compartilhar” na parte de baixo da tela, mas parece que isso deixaram pro final. E dizem que, se rodar o filme de trás pra frente, dá pra ouvir os áudios de Romero Jucá e Aécio Neves. Vade retro!!!
Também poeta e professor, Edônio Alves acrescentou: Cenas de escárnio explícito. Uma bofetada na cara do povo brasileiro. Leiam, citando artigo de Eduardo Ramos sobre o filme. Ao comentar a pré-estreia do filme, Ramos afirma: Mas no país FRATURADO, onde havia uma presidência fraca, odiada por nossa elite e classe média, e havia um PODER DE FATO, a República de Curitiba, tudo o que deveria ter sido tratado com seriedade, dignidade, respeito à leis, virou DETALHE, bobagem, o script já fora escrito e definido, pela Globo, pelo “mercado”, por todos enfim que ansiavam pela deposição de Dilma, a entrega do país a quem se dispusesse a desmontá-lo, fatiá-lo e entregá-lo de bandeja, e por fim a destruição final de Lula.
Já Paulo Cavalcanti declarou, na revista Rolling Stone, que o filme não pode ser considerado um grande feito cinematográfico. Eis o seu comentário, que destaca aspectos positivos do filme: O filme dirigido por Marcelo Antunez e baseado no livro homônimo de Ana Maria Santos e Carlos Graieb, ex-redator-chefe da revista Veja, não traz nenhuma inovação narrativa. Nem pode ser considerado um thriller está mais para docudrama, com os atores se atendo a um roteiro esquemático. E o diálogo também não é dos melhores. Mas o filme tem o objetivo de ser didático. Pelo menos neste aspecto, é bem-sucedido: todo mundo conhece o juiz federal Sergio Moro, mas é difícil estar a par dos detalhes intrincados que regem a operação. Por isso, é interessante ver na tela os bastidores das ações da Polícia Federal, que hoje despertam a atenção de milhões de brasileiros.
As reações aos dois artigos são cheias das ironias que dividiram o Brasil ao meio após o processo do impeachment de Dilma Roussef. Agora é esperar os críticos de cinema, viúvos da Lei Rouanet, destilar sua vingança, disse um internauta. Um filme brasileiro que leva o título de “A lei é para todos” deve ser de comédia, que o digam Temer, Aécio Neves, Gilmar Mendes, Jucá….., rebateu outro. O filme está previsto para estrear nos cinemas em 7 de setembro.
Por Linaldo Guedes