O deputado federal Gervásio Maia, do PSB-PB, endossou um requerimento apresentado em forma de Indicação Parlamentar com o apoio de outros expoentes socialistas e de outros partidos, apelando ao presidente Jair Bolsonaro para exonerar o ministro da Justiça, Sérgio Moro, sob alegação de que ele perdeu condições éticas para permanecer no cargo, diante das revelações que têm sido vazadas pelo site The Intercept Brasil de conversas entre Moro e o procurador Deltan Dallagnol, sobre os rumos da Operação Lava-Jato, com suposto prejuízo para algumas figuras que estão presas, entre as quais o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, do PT. Gervásio ponderou que Moro confirmou que não teve uma conduta imparcial quando foi juiz titular da Operação Lava-Jato e valeu-se da autoridade e da imunidade do posto para retaliar líderes políticos de quem discorda de forma veemente.
Gervásio Maia não concorda com a opinião de alguns analistas de que o ministro Sérgio Moro prestou os devidos esclarecimentos à Comissão de Constituição e Justiça do Senado, anteontem, na sabatina que durou mais de dez horas. Em síntese, Moro negou conluio com procuradores para ditar os rumos da Operação a fim de prejudicar ou beneficiar quem quer que fosse, admitiu ter tido conversas, mas em caráter republicano e negou interferência indevida correspondente a suas atribuições. O ministro chegou a ressaltar que se for comprovada alguma irregularidade de sua parte não hesitará em tomar a iniciativa de pedir o seu afastamento do cargo. Foi quando deixou claro que não tem apego à função.
Gervásio Maia, contudo, mantém o ponto de vista de que graves fatos têm sido apontados nas matérias liberadas pelo site The Intercept, envolvendo o ministro Sérgio Moro, diretamente, o que o tornaria suspeito para continuar dirigindo uma Pasta estratégica no governo federal. Se depender do presidente Jair Bolsonaro, propostas como a do deputado socialista paraibano não vão prosperar. Ontem, em declarações, Jair Bolsonaro deu nota dez ao ministro Sérgio Moro pelo seu desempenho no Senado para dar informações sobre a troca de mensagens vazadas entre ele e Deltan Dallagnol. Indagado sobre a possibilidade de nomeação de Moro para uma cadeira no Supremo Tribunal Federal, o presidente Jair Bolsonaro enfatizou que não desconfia do seu ministro. Moro se ofereceu para ir à CCJ dentro de uma estratégia para esfriar o trabalho de coleta de assinaturas para a criação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito destinada a investiga-lo. O objetivo, na opinião de lideranças políticas, foi alcançado.
Nonato Guedes