O governador do Rio de Janeiro, Luiz Fernando Pezão (MDB), é alvo na manhã desta quinta-feira (29) de desdobramento da Operação Lava Jato no estado. Ele é suspeito de ter participado do esquema de corrupção de seu antecessor, Sérgio Cabral.
Ele é alvo de um mandado de prisão expedido pelo ministro do STJ (Superior Tribunal de Justiça) Félix Fischer. Policiais federais estão no Palácio Laranjeiras, residência oficial do governador, para prendê-lo.
Pezão é o quarto ocupante do Palácio Guanabara a ser preso. Antes dele foram alvo Cabral, e os ex-governadores Anthony e Rosinha Garotinho –os dois últimos por ações sem relação com a Lava Jato, mas com a Justiça eleitoral.
Pezão foi apontado pelo economista Carlos Miranda, delator que afirma ter sido o gerente da propina de Cabral, como beneficiário de uma mesada de R$ 150 mil durante a gestão do ex-governador (2007 a 2014).
Segundo o relato de Miranda, o atual governador passou a pagar R$ 400 mil a Cabral quando assumiu o cargo em abril de 2014, após renúncia do aliado.
Pezão vem sendo citado nas investigações sobre Cabral desde o ano passado. Referências a Big foot, Pé e outros apelidos similares foram encontradas nas anotações de Luiz Carlos Bezerra, espécie de carregador de mala de Miranda a partir de 2010.
O governador sempre negou as citações ao seu nome.
Pezão repudia com veemência essas mentiras. Ele reafirma que jamais recebeu recursos ilícitos e já teve sua vida amplamente investigada pela Polícia Federal, afirmou nota distribuída pelo Palácio Guanabara há duas semanas.
De acordo com Miranda, além da mesada Pezão recebeu prêmios ao final de alguns anos. Em 2008, por exemplo, o atual governador foi destinatário de R$ 1 milhão do esquema de Cabral.
Em delação, o economista diz que o governador pediu para que o dinheiro fosse entregue a um dos sócios da JRO Pavimentação. A empresa pertence a Cláudio Fernandes Vidal, que transferiu sua sede para Piraí em 2005 após aproximação com Pezão. Os dois ficaram amigos e se encontravam frequentemente.
Outro suposto recebedor de propina para o governador era o ex-subsecretário de Comunicação Social da gestão Pezão, segundo Miranda. Marcelo Santos Amorim, ou Marcelinho, também recebeu recursos destinados ao emedebista. O suspeito é casado com uma sobrinha do político.
Folha de São Paulo