O deputado estadual Hervázio Bezerra, líder do Governo, já foi alvo de minha admiração. Homem cordato, ao longo de sua carreira política, Hervázio se destacava por assumir uma linha prudencial no inevitável embate político, primando por um equilíbrio tão essencial em meio à verdadeira barbárie política que toma conta, há décadas, de nossa Paraíba sempre tão dividida.
Mas, já faz algum tempo, Hervázio abandonou a sua essência tão peculiar. Uma pena. Tem deixado se levar por uma linha temerária de discurso, possivelmente contaminado pelo padrão terra-arrasada e destruidora de reputações tão em voga nas hostes girassóis.
A mais nova de HB é tentar fazer ironia em cima de uma tragédia pessoal-familiar, no canhestro esforço por agradar ao rei a quem, num passado não muito distante, ele torpedeava sem pena, denunciava com contundência e tratava como um homem público de poucas virtudes.
Atacar o prefeito Romero Rodrigues por criticar a segurança pública, usando como argumento de que, nesta quarta-feira, 7, um servidor lotado no Gabinete do Prefeito campinense, teria sido preso pela PF, sob acusação de assalto, é no mínimo um golpe baixo e indigno por parte de qualquer adversário político.
Verdade:, a segurança na Paraíba está caótica, lamentavelmente, há anos seguidos, por mais que a miopia conveniente de Hervázio tente negar.
Também verdade: nem Romero ou qualquer outro gestor – governador, presidente ou mandatário de diversos quilates – pode ser responsabilizado diretamente pelas atitudes reprováveis isoladas, individuais e personalíssimas de quem é eventualmente nomeado para cargos de confiança.
Uma verdade final: eternamente um estranho no ninho girassol, Hervázio, à medida que faz esses agradinhos verbais ao chefe, tentando inocular forçosamente um DNA falso à sua consciência política, apenas reforça duas certezas: compromete a própria biografia e perde o respeito próprio e alheio.
Por Marcos Alfredo Alves