No transcurso, hoje, do Dia do Índio, lideranças de tribos na Paraíba definem as celebrações como lutas de resistência para manter a identidade e sobrevivência dos povos indígenas. José Ciríaco, mais conhecido como Capitão Potiguara, um dos líderes da tribo dos Potiguara, de Baía da Traição, que se espalham também por Rio Tinto e Marcação exultam com a comemoração de 519 anos de resistência. Ciríaco destaca algumas conquistas como a Secretaria Especial de Saúde Indígena e o reforço de viaturas que dão apoio às tribos nos três municípios.
Somente em solo paraibano, de acordo com o Censo de 2010, vivem mais de 19 mil pessoas que se autodeclaram índios. Amanhã, na aldeia de São Francisco, em Baía da Traição, no Litoral Norte, a data será festejada em grande estilo com apresentação de rituais indígenas e a presença de autoridades do Estado. Na próxima semana ocorrerão as aberturas do Mês de Vacinação dos Povos Indígenas. Pela primeira vez o Estado foi escolhido para abrir esse evento. Haverá, também, a realização dos tradicionais Jogos Indígenas. José Ciríaco comentou que os indígenas estudam em escolas municipais e em escolas indígenas estaduais. Somente da rede do Estado são dez unidades. Elas oferecem o ensino da língua Tupi e 80% dos alunos matriculados são remanescentes indígenas.
Nos próximos dias 29 e 30 deste mês os povos Tabajaras farão o Primeiro Grito Indígena Tabajara na Paraíba, na aldeia Vitória, na Mata da Chica, no município do Conde, Litoral Sul do Estado. Nos dois dias, os índios farão o Toré indígena. Ednaldo dos Santos Silva, cacique geral dos tabajaras, afirma: Nossa luta é pelo reconhecimento do nosso território e para mostrar para a sociedade da Paraíba que existe um povo indígena que resiste no Litoral Sul. O povo indígena está vivo tradicionalmente com sua cultura, artesanato, ritos e crenças. Com duas aldeias no município do Conde aldeia Vitória e aldeia Barra do Gramame. Desde o governo do socialista Ricardo Coutinho, o poder público na Paraíba tem priorizado o atendimento a tribos indígenas em suas lutas pela preservação da memória e pela sobrevivência.
O Dia do Índio foi consagrado no calendário nacional em 1943 através de decreto-lei de número 5.540, do presidente Getúlio Vargas. O historiador Marcelo Duarte lembra que quando o Brasil foi descoberto, em 1500, os estudiosos calculavam que existiam aqui entre 1 milhão e 3 milhões de índios, divididos em 1400 tribos. Havia três grandes áreas de concentração: litoral, bacia do Paraguai e bacia amazônica. O processo de extinção dos indígenas foi iniciado no litoral quando os primeiros núcleos europeus alise estabeleceram, com matanças, escravização ou transmissão de doenças. Os indígenas não resistiam a doenças como sarampo, varíola e gripe. Entre 1562 e 1563, cerca de 60 mil índios morreram por causa de duas epidemias de varíola, chamadas de peste de bexiga.
Nonato Guedes, com Correio da Paraíba