O senador Lindbergh Farias (PT-RJ) afirma que o Partido dos Trabalhadores vai insistir até o fim na candidatura do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva ao Palácio do Planalto, desafiando óbices legais decorrentes do fato de que o líder petista é considerado ficha suja, por ter sido condenado a 12 anos de prisão e estar cumprindo pena na Superintendência da Polícia Federal em Curitiba, no Paraná. Lindbergh Farias, que é natural de João Pessoa mas construiu militância política no Estado do Rio, prevê que o registro da candidatura de Lula seja efetuado até o dia 15 de agosto. O resto é com o TSE, até setembro, emendou.
A deliberação de lançar Lula como candidato do PT mesmo com o risco de negativa da Justiça Eleitoral é consenso entre lideranças petistas, a exemplo da senadora Gleisi Hoffmann, presidente nacional da agremiação. O deputado federal paraibano Luiz Couto também propõe o lançamento de Lula, argumentando que ele lidera pesquisas de intenção de voto quando seu nome é submetido aos entrevistados por institutos especializados. Além do mais, Couto sustenta que a prisão de Lula é injusta por suposta falta de maiores evidências que o incriminem pela prática de corrupção passiva e lavagem de dinheiro, nos termos da denúncia oferecida pelo juiz Sérgio Moro.
Enquanto isso, o senador petista Jorge Viana, do Acre, conseguiu aprovar requerimento para levar um grupo de parlamentares a Curitiba, a pretexto de visitar Lula e inspecionar as condições em que ele se encontra na cela da Superintendência da Polícia Federal. O senador Viana justifica que a visita não terá custo para o Congresso e que cada parlamentar que confirmar o nome arcará com todas as suas despesas de deslocamento. Até agora, não há outros nomes confirmados como integrantes da caravana. Nos últimos dias, o ministro Edson Fachin, do Supremo Tribunal Federal, liberou para julgamento um recurso do ex-presidente Lula contra a sua prisão.
Fachin pede que o ministro Ricardo Lewandowski, presidente da Segunda Turma do Tribunal, coloque o caso na pauta do dia 26 de junho. O colegiado analisa os processos da operação Lava-Jato e tem perfil garantista, em favor do réu. A Segunda Turma é composta pelos ministros Dias Toffoli, Gilmar Mendes e Celso Mello, além de Lewandowski e Fachin. De acordo com a defesa do petista, ele não poderia ter sido preso porque o processo não foi concluído na segunda instância. Por isso, a defesa pede para que o STF suspenda os efeitos da decisão do Tribunal Regional Federal da Quarta Região, até que o caso transite em julgado, quando não há possibilidade de recurso.
No começo do ano, Fachin remeteu ao plenário não à Segunda Turma- um pedido de habeas-corpus de Lula. Naquela ocasião, no entanto, ele apontou uma divergência de entendimentos entre as Turmas e disse que o caso deveria ser discutido por todos os ministros do STF. O Supremo já negou outros recursos de Lula, que está preso desde 7 de abril na Polícia Federal de Curitiba.
Nonato Guedes