O jurista paraibano Luciano Mariz Maia, vice-procurador-geral da República, o segundo na hierarquia da promotoria federal depois da PGR Raquel Dodge, declarou no Vaticano que a prisão do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) causa uma grande dor no Brasil e que, em contrapartida, o governo do presidente Jair Bolsonaro (PSL) trouxe de volta o medo de retrocessos políticos e sociais e, no seu bojo, a trágica lembrança dos tempos da ditadura militar, que durou 21 anos (de 1964 a 1985). Luciano se expressou por ocasião da Cúpula Pan-Americana de Juízes, evento prestigiado pelo Papa Francisco. O ex-presidente Lula cumpre pena na Superintendência da Polícia Federal em Curitiba, acusado de corrupção passiva e lavagem de dinheiro, mas sua defesa está otimista quanto às perspectivas de soltura do líder político. Lula já avisou que se sua liberdade ficar condicionada ao uso de tornozeleira recusará o benefício e ameaçou chegar a fazer greve de fome para chamar a atenção do mundo para o que está acontecendo no País.
Na Cúpula Pan-Americana de Juízes, o Papa Francisco fez um discurso enfático contra o uso da Justiça para promover a intervenção na política, advertindo que esse tipo de prática acaba provocando a violação de direitos sociais que foram conquistados duramente por vários povos do mundo. O Pontífice tem conhecimento, através de relatos de interlocutores influentes no Brasil, da situação do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, mas o Vaticano não confirmou declarações atribuídas a Francisco tecendo comentário específico sobre o caso Lula. Luciano Mariz Maia é tido como uma revelação do universo jurídico brasileiro, com destaque em fóruns internacionais, a exemplo da Inglaterra e França, em manifestações embasadas sobre diferentes assuntos, inclusive, ambientais. Ele chegou a ser cogitado para ascender à titularidade na Procuradoria Geral da República com o fim do mandato de Raquel Dodge, mas seu nome saiu de cogitação para tanto.
De acordo com o vice-procurador Luciano Mariz Maia, o caso Lula pode ser apreciado em grau superior e isto o leva a não emitir ponto de vista conclusivo a respeito das peculiaridades que envolvem a prisão do ex-presidente da República e as acusações de corrupção passiva e lavagem de dinheiro, tema que divide a classe jurídica brasileira. Mas não posso negar que a prisão do ex-presidente gera uma profunda dor no Brasil, diante das ações que ele empreendeu, nos governos que chegou a ocupar, em favor de programas sociais beneficiando os segmentos mais carentes da população. O debate em torno da situação jurídica do ex-presidente da República é feito constantemente entre políticos, operadores do Direito e magistrados em geral. Também tem ocasionado manifestações populares que já consagraram o coro Lula Livre.
Nonato Guedes, com informações do site Revista Fórum