O vice-prefeito de João Pessoa, Manoel Júnior, depois de ter sonhado com a perspectiva de assumir a titularidade na Capital e, na sequência, com uma candidatura ao Senado, hipóteses que se revelaram inviáveis, decidiu voltar a disputar a Câmara Federal, onde atuou nos últimos anos. Ele evita passar recibo das decepções enfrentadas e de supostos acordos não cumpridos por parceiros de trajetória política-eleitoral. Manoel deixou o MDB para se filiar ao PSC, presidido por Marcondes Gadelha, e sua candidatura ao Senado parecia consolidada, quer na chapa de José Maranhão, candidato emedebista ao governo, ou na de Lucélio Cartaxo, candidato do PV. Em todas as projeções, Manoel foi atropelado e tenta se reinventar na conjuntura desenhada para este ano.
Manoel Júnior foi três vezes prefeito de sua terra natal, Pedras de Fogo, presidiu a Federação das Associações dos Municípios da Paraíba (Famup), foi deputado estadual (segundo mais votado já na primeira vez em que disputou mandato à Assembleia em 2002), e em 2006 conseguiu uma cadeira na Câmara Federal com mais de 126 mil votos. Em 2004, indicado pelo então PMDB, Manoel Júnior aceitou ser vice-prefeito de Ricardo Coutinho, no entanto, a parceria durou apenas dois anos, face a incompatibilidades expostas publicamente. Já deputado federal, foi reeleito em 2010 e 2014, sempre com mais de 100 mil votos. Em 2016, brigou no MDB para ser o candidato a prefeito de João Pessoa. Acabou se aliando a Luciano Cartaxo e sendo vice deste na chapa à reeleição, que ganhou em primeiro turno. Para assumir em janeiro de 2017, teve que renunciar a mais de dois anos do mandato de deputado federal. Mas ele esperava ser alçado à titularidade da prefeitura com uma eventual renúncia de Luciano para disputar o governo do Estado. Luciano desistiu de concorrer, decidiu permanecer até o último dia na prefeitura e costurou a candidatura do irmão Lucélio junto ao PSDB e outros partidos.
No anúncio da chapa encabeçada por Lucélio, as duas vagas ao Senado já apareciam fechadas, tendo como expoentes os atuais senadores Cássio Cunha Lima e Raimundo Lira. A vice estava reservada para Campina Grande. Não sobrou nenhuma compensação para Manoel Júnior. Com a desistência de Lira em disputar a reeleição, Manoel Júnior, que a esta altura deixara o MDB de José Maranhão pelo PSC de Marcondes Gadelha, revelou que concorreria ao Senado e que o partido faria aliança com quem garantisse a sua vaga. Estava confiante até demais no empenho do deputado federal Marcondes Gadelha no sentido de prestigiá-lo, mas tal não aconteceu. Escaldado pelas reviravoltas na política, Manoel Júnior evita chorar o leite derramado e, mais ainda, foge de quaisquer perguntas sobre desapontamento com traições. Afirma a pessoas do círculo íntimo que o que lhe cabe é tentar a volta por cima. É o que fará, candidatando-se novamente a deputado federal.
Nonato Guedes