A insistência do senador José Maranhão na candidatura própria do PMDB ao governo do Estado em 2018, dispondo-se, ele próprio, a encarar o desafio, é tudo o que o prefeito reeleito de João Pessoa e o seu segundo vice, Manoel Júnior, não querem ouvir. Cartaxo, que teve o apoio do PMDB para se reeleger em 2016 e incluiu Júnior na chapa como um penduricalho, acena com o que julga ser um triunfo valioso: com sua renúncia, Júnior se investe efetivamente no mandato de prefeito e tem a chance de se reeleger lá na frente. O PMDB velho de guerra passaria, então, a controlar a prefeitura de uma Capital emergente entre as Capitais do Nordeste.
Em contrapartida, o PMDB disponibilizaria novamente tempo de televisão e rádio, um pouco da sua estrutura e o apoio dos líderes influentes – todos engajados no projeto de Luciano Cartaxo de ser eleito governador à sucessão de Ricardo Coutinho. Que partido recusaria assumir de mão beijada a prefeitura da Capital? – pergunta Cartaxo, em tom de provocação, desejando acicatar os ânimos peemedebistas e os instintos primitivos pela posse do poder. Gato escaldado, expoente de inúmeras batalhas – ora fáceis, ora difíceis – José Maranhão contrapõe outro argumento ao álibi de Cartaxo: “Que tal o PMDB voltar ao governo do Estado?”. Uma carta que tem peso e sensibiliza muito, demais até.
Desde 2002, o PMDB da Paraíba não consegue vitoriar ao governo do Estado, depois de ter experimentado uma hegemonia que alçou ao Palácio da Redenção nomes como Tarcísio Burity (no segundo mandato), Ronaldo Cunha Lima, Antônio Mariz-José Maranhão, José Maranhão reeleito. Em 2002, o ciclo foi interrompido com a derrota de Roberto Paulino para Cássio Cunha Lima, este já pontificando nos quadros do PSDB. Maranhão, ainda usufruindo os loiros de vitórias que lhe caíram ao colo, assegurou tranquilo uma vaga ao Senado. Em 2006, pôs em marcha o projeto recorrente de voltar ao Palácio da Redenção – foi atropelado por Cássio, que testava a sua reeleição. Em 2009, o segundo mandato de Cássio foi bruscamente interrompido porque, numa releitura dos mapas de 2006, o TSE chegou à conclusão de que a prática de conduta vedada e de suposta improbidade administrativa teria contribuído para a vitória de Cássio sobre Maranhão. A legitimidade do resultado do pleito, então, estava em xeque – e Maranhão foi chamado a completar o mandato, juntamente com o seu então vice, Luciano Cartaxo, que, diga-se de passagem, era filiado ao Partido dos Trabalhadores, do qual, hoje, deseja distância.
O que aconteceu depois é História – e é o que se sabe. Entrou em cena a figura do então prefeito reeleito de João Pessoa, Ricardo Coutinho, disposto a ser o “tertius” na polarização que parecia ensaiada entre Cássio Cunha Lima e José Maranhão. O primeiro alvo de Ricardo, nas urnas, foi Maranhão – que invocou o direito novamente a uma recandidatura em 2010 e acabou ungido dentro do PMDB, sendo abatido pela maioria do eleitor, que preferiu apostar na novidade – simbolizada por Ricardo Coutinho. Este, para fazer frente a Maranhão, socorreu-se de Cássio Cunha Lima e do DEM do ex-senador Efraim Morais. Em 2014, Cássio resolveu se candidatar a governador – contra Ricardo Coutinho, que tinha direito a uma recandidatura e se lançou, tendo como vice Lígia Feliciano.
Nessa eleição, Maranhão estimulou o balão de ensaio da candidatura de Veneziano Vital do Rêgo, mas este fraquejou diante da incerteza sobre ganhar espaços no cenário e acabou sendo substituído pelo irmão, Vital do Rêgo Filho, por honra da família e da firma partidária. Não logrou ir além do primeiro turno o candidato Vital, que, no entanto, já estava ungido por Dilma Rousseff para uma vaga de ministro do Tribunal de Contas da União, o que terminou acontecendo. Maranhão arrastou o PMDB, no segundo turno em 2014, para apoiar Ricardo Coutinho contra Cássio Cunha Lima. Acertos de contas, revanchismos….Política é atividade dinâmica, tem leis e idiossincrasias próprias – os políticos sabem disso com bastante propriedade. Deu Ricardo reeleito.
A dados de hoje, Cássio Cunha Lima oscila entre apoiar Luciano Cartaxo ou Romero Rodrigues, prefeito reeleito de Campina Grande, ao governo do Estado em 2018. Teria a opção de, também, concorrer, para tentar se recuperar da derrota sofrida para Coutinho em 2014. Eis que José Maranhão, exibindo saúde de jovem premiado, embaralha todo o jogo – e sinaliza que ele próprio poderá, novamente, concorrer ao Palácio da Redenção em 2018. Ricardo, que ainda não bateu o martelo sobre ser candidato ao Senado, faz de conta que apoia a candidatura de João Azevedo a governador, mas sabe muito bem que a postulação não empolga socialistas e muito menos ricardistas ou aliados de outros partidos. Está aberta, então, uma porta para conversa com o PMDB, mais especialmente com Maranhão. Que já circula de “jogging”, treinando com afinco para entrar em campo daqui a pouco tempo. Para quem gosta, política é um esporte divertido. Que os interessados ponham as cartas, então! E comecem a fazer suas apostas, porque o tempo urge!
Nonato Guedes