Nos meios políticos e jornalísticos, ganha corpo a versão de que o ministro da Fazenda do atual governo, Henrique Meirelles, poderá ser o candidato “in pectoris” do presidente Michel Temer para a sua sucessão no próximo ano, constituindo-se numa espécie de Fernando Henrique Cardoso, lançado em 94 por Itamar Franco, que também exerceu um governo-tampão e foi vitorioso. Filiado ao PSD, Meirelles não é neófito em política, tendo sido senador por Goiás. No governo do presidente Michel Temer, é uma espécie de fiador da política econômica.
Cogitado para ser vice, até do apresentador Luciano Huk, da Rede Globo, que tenta se firmar em meio ao descrédito da classe política, Henrique Meirelles brincou: “Vice é até interessante”. Em seguida, adiantou, em entrevista à Veja: “Sou presidenciável. Política social é importante como complementação e distribuição de renda, mas não vai resolver o problema social do Brasil. Estou preparado para enfrentar os discursos populistas. Este será o desafio do candidato de centro”. Meirelles asseverou que caso decida mesmo concorrer, não deixará a disputa mesmo que Lula, seu antigo chefe, consiga manter sua candidatura apesar das denúncias na Lava-Jato. Ele está convicto de que o radicalismo de agora será superado quando chegar a hora da votação por um nome de conciliação, de acomodação de interesses diversos. E espera que esse nome seja o seu.
Por enquanto, pesquisas de intenção de voto projetam o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o deputado federal e militar da reserva Jair Bolsonaro, que atrai seguidores com um discurso moralista e até assustador. Na definição de Veja, Bolsonaro tem ideias ultraconservadoras e um discurso calibrado para o insulto. No mais recente levantamento do ibope, Lula tem 35% dos votos contra 13% de Bolsonaro. Entre um extremo e outro, há 52% do eleitorado que não sabe em quem votar, diz que votará em branco ou se divide entre vários outros nomes. A busca desse contingente seria por um candidato situado mais ao “centro”, na opinião dos especialistas. Luciano Huck, apresentador da Globo, onde apresenta programa de variedades aos sábados, intitulado “Caldeirão do Huck”, em recente artigo no jornal Folha de S. Paulo afirmou: “Esquerda ou direita, isso deveria importar menos – precisamos das duas pernas”. Sem consistência ideológica nem brilho intelectual, o marido da também apresentadora de televisão Angélica conta com uma equipe de conselheiros estrelada, na qual figuram nomes como Armínio Fraga, ex-presidente do Banco Central, e Ilona Szabó, especialista em segurança pública e fundadora do Agora!, movimento criado com o objetivo de perseguir a renovação política.
Há outros nomes, inclusive, “carimbados”, que tentam voltar ao cenário na eleição presidencial de 2018, a exemplo do ex-ministro da Integração Nacional e ex-governador do Ceará, Ciro Gomes, conhecido pelo estilo “pavio curto” que expõe sua agressividade em entrevistas ou intervenções públicas que faz. Ele seria candidato pelo PDT, uma herança de Leonel Brizola. No PSDB, o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, que já concorreu à presidência da República e foi derrotado, disputa espaços com o prefeito João Doria, da capital paulista, neófito em política. E na faixa de esquerda não se descarta, novamente, uma candidatura da ex-ministra Marina Silva, do Meio Ambiente, que teve excelente performance numa das disputas e na outra disputa perdeu votos preciosos.
Nonato Guedes