Causou grande repercussão no meio artístico e cultural da Paraíba a notícia da morte de Aldo Simões Parisot, um mestre do violoncelo, ontem, nos Estados Unidos. Ele tinha cem anos de idade, completados em 30 de setembro, e possuía ligações com a Paraíba, enraizadas durante os governos de Tarcísio Burity, nas décadas de 70 e 80. Burity era um amante da arte erudita e incentivou bastante a atuação da Orquestra Sinfônica da Paraíba, tendo contado com o concurso valioso de Parisot nesse mister. A notícia da morte do mestre do violoncelo foi dada pelo jornalista e crítico de arte Sílvio Osias, em sua coluna no Jornal da Paraíba online.
Nascido em Natal, capital do Rio Grande do Norte, Aldo Parisot esteve por várias vezes na Paraíba tocando com a Orquestra Sinfônica, cuja base inicial era constituída de valores de outros Estados. A Sinfônica paraibana nasceu da fusão da Orquestra de Câmara do Estado com a da Universidade Federal da Paraíba. Oitenta por cento dos músicos residiam, porém, no Recife ou em outras capitais do Nordeste, prejudicando um melhor andamento da experiência. Em 79, no governo Burity, foi exigido que os músicos residissem em João Pessoa. Na época, a ideia da fusão vinha ganhando força e os antigos instrumentistas foram convidados a continuar, com as mesmas vantagens, mas a maioria recusou-se a pretexto de que não poderia abandonar seus centros de origem e que a atividade na Paraíba era uma forma de complementação salarial.
A partir daí, começou o processo de atração de valores externos, dentro do plano de reestruturação. Ana Lúcia Altino Garcia, chefe do departamento de música da UFPB, coordenadora da Sinfônica, explicou que a presença de tantos professores na Paraíba representava um empenho para a formação de instrumentistas. Colunistas sociais do Rio de Janeiro insinuaram que a Sinfônica da Paraíba estava inflacionando o mercado e pagando altos salários a seus músicos. Isto provocou reação do maestro Carlos Veiga, regente da orquestra, que possuía contratos com o Estado e percebia vencimentos de 45 mil cruzeiros. Veiga revelou que os instrumentistas tinham salários oscilantes entre 15 mil e 30 mil cruzeiros, mas muitos deles já eram contratados como professores pela UFPB. A Sinfônica tinha profissionais não só de outros Estados do Brasil mas de países como Chile, Alemanha, Argentina e França. Temos uma ambição que vai incomodar muita gente: atingir um alto nível que muitos acreditam só ser possível no Sul, ironizou Veiga.
Entusiasta do trabalho da Sinfônica da Paraíba, Aldo Parisot chegou a trazer instrumentistas renomados como Josef Gingold e Bruno Giuranno para apresentações conjuntas com a OSPB em 1988, resultando todo o empenho na gravação de dois CDs. Aldo Parisot tinha um currículo notável, na qualidade de professor da Universidade de Yale, nos Estados Unidos, e conquistou a admiração e o reconhecimento por parte do governador Tarcísio Burity, que teria assinado composições com o pseudônimo de T. Virgilius.
Nonato Guedes