Numa das raras visitas que fez à Paraíba como presidente da República, após o impeachment da petista Dilma Rousseff, de quem era companheiro de chapa, o emedebista Michel Temer, que está concluindo sua passagem pelo poder, alertou que não pleiteava a paternidade pela deflagração das obras de transposição do rio São Francisco e acrescentou que nenhum outro político ou governante poderia reclamar esse trunfo. A paternidade é do povo brasileiro e nordestino, emendou Temer ao discursar durante visita ao complexo habitacional Aluízio Campos, na cidade de Campina Grande, onde Temer foi recepcionado pelo prefeito Romero Rodrigues, do PSDB, pelo senador Raimundo Lira (atual PSD) e inúmeros outros políticos.
A visita de Temer ocorreu em março de 2017 e o presidente aproveitou para falar dos esforços empreendidos pela sua gestão para melhorar a situação econômica do país, o que, na sua opinião, já estava acontecendo. O presidente chegou a Campina Grande acompanhado de cinco ministros, entre eles Helder Barbalho, da Integração Nacional, Pasta responsável pela coordenação da execução do projeto de interligação de bacias. Anteriormente, Temer estivera no Estado e dividiu palanque com o governador Ricardo Coutinho, do PSB, que reconheceu, na frente dele, os méritos e a obstinação do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) para tornar realidade a transposição, reclamada por populações do semiárido para a convivência com a estiagem constante. Ricardo patrocinou uma visita extra-oficial de Lula e da ex-presidente Dilma Rousseff à região do cariri para testemunhar a chegada das obras da interligação de bacias.
Em 2016, quando era vice-presidente da República e substituto de Dilma Rousseff, Michel Temer esteve em João Pessoa para se reunir com lideranças políticas do então PMDB. Temer praticamente concedeu apenas uma audiência formal ao governador paraibano Ricardo Coutinho, que apesar de filiado ao PSB, sempre foi considerado aliado de Lula. Essa audiência ocorreu no gabinete presidencial em Brasília e foi mediada pelo senador Raimundo Lira, então PMDB. Na ocasião, Temer mencionou o apoio de Ricardo a Dilma, enquanto o governador paraibano replicou que o apoio era à chapa da qual Temer fazia parte. Em todo caso, Ricardo deixou claro que estava ali não para encaminhar pleitos pessoais mas para defender reivindicações de interesse da Paraíba e, como tal, deveria também ser respeitado. Depois da visita que fez a Campina Grande em 2017, Temer viajou para Sertânia, Pernambuco, que concentra eixos da passagem das águas do São Francisco.
Os interlocutores da Paraíba junto a Temer, além de Raimundo Lira, foram os senadores José Maranhão (MDB) e Cássio Cunha Lima (PSDB). Maranhão, que este ano foi derrotado ao tentar voltar ao governo do Estado, sempre teve mais afinidades com Temer, inclusive por causa da origem partidária de ambos. Mas outros integrantes da bancada federal paraibana agiram como porta-vozes do Estado junto ao Planalto e o deputado federal reeleito Aguinaldo Ribeiro, do PP, mantém-se como líder do governo na Câmara, depois de ter sido ministro das Cidades no governo da petista Dilma Rousseff.
Nonato Guedes