Faltando pouco mais de nove meses para a Copa do Mundo na Rússia, o Brasil caminha a passos largos para ser um dos fortes candidatos ao título. Tem um time bem treinado por Tite, o primeiro a garantir a classificação no campo para a Copa, tem a tradição, que sempre o coloca entre os favoritos, e tem Neymar, que pode se consagrar de vez e tornar-se o craque do torneio. Mas o problema está justamente em Neymar. Depois de mais uma vez se desentender em campo com seu colega de time, no caso Cavani do PSG, Neymar voltou a preocupar e ser alvo de questionamentos de torcedores e internautas nas redes sociais: é um craque ou um menino mimado?
Neymar protagonizou este ano a maior transferência, em termos de valores financeiros, do futebol no mundo. Seu talento em campo é indiscutível. Genial nos dribles, nos passes (assistências), nas pedaladas, nos gols e na preocupação que dá para as defesas adversárias, transferiu-se do Barcelona, da Espanha, para o PSG, da França, de uma forma que se não faltou ética, também não sobrou dignidade. Neymar simplesmente aceitou rescindir o contrato com o clube que o colocou na vitrine do futebol mundial para alimentar seu ego de ser eleito o melhor do mundo, coisa que, na sua cabeça, só acontecerá deixando de jogar no mesmo time de Messi.
Sua chegada ao PSG foi saudada com pompas e circunstâncias. Um dos atletas do time, Pastore, cedeu espontaneamente a número 10 para Neymar. Os demais, se derramaram em elogios ao craque brasileiro. Em um campeonato de baixo nível técnico, como o francês, Neymar desandou a fazer boas jogadas e gols. Logo, logo encantou a torcida. Convocado para a Seleção Brasileira neste intervalo, atuou pelo time de Tite com um individualismo exagerado em um dos jogos. Na volta ao PSG, desentendimento com Cavani, que antes de Neymar chegar era o cobrador oficial de pênalti. Por querer tudo, Neymar não deve conhecer o velho ditado que diz que antiguidade é posto e assume publicamente sua insatisfação por não cobrar os pênaltis do seu time.
Casos como esse são corriqueiros na carreira de Neymar. Em 2010, o Santos conseguiu vencer o Atlético-GO por 4 a 2, pelo Campeonato Brasil, mas houve confusão no jogo. Leiam esse relato da revista Veja: o resultado do jogo ficou em segundo plano assim que soou o apito final. Isso porque Dorival Júnior e Neymar trocaram xingamentos na saída para o vestiário. Júnior cobrou o atacante sobre a displicência em alguns lances no final do jogo, depois de já ter mandado Marcel bater o pênalti que valeu o quarto gol santista no lugar de Neymar. A revelação santista, por sua vez, respondeu xingando o treinador, que revidou, mas não quis comentar o assunto na entrevista coletiva. Segundo o comandante, a questão será resolvida de forma interna. E continua a revista: Enquanto Dorival e Neymar não quiseram polemizar sobre a discussão, o técnico do Atlético-GO, René Simões, foi duro ao falar do jovem jogador. Estou extremamente decepcionado. Eu poucas vezes vi alguém tão mal-educado como esse rapaz Neymar, disse. Está na hora de alguém educar esse rapaz, estamos criando um monstro.
Nas redes sociais, a preocupação é clara. Liderança em campo se conquista. O cara achou que ia chegar e dominar. Conseguir a liderança e o poder que o Ibrahimovic tinha sobre o time do PSG não vai ser fácil não. O Ibra, fosse em cobranças de penâltis ou de faltas, pegava a bola e Cavani ou quem quer que fosse, não chegava nem perto. Já deu prá perceber que a vidinha do Neymídia não vai ser fácil, tanto que no jogo contra o Lyon pouco jogou. Precisa preocupar-se é com o garoto Mbappé e não com Cavani, disse um internauta. Ninguém perde para ser algo. A gente conquista o que é. Isto é atitude de criança. Este mimado tem que ficar quieto e conquistar o espaço dele, afirmou outro. A esperança é que Renê Simões esteja errado e que o futebol brasileiro não tenha criado um monstro no sentido negativo do termo.
Linaldo Guedes