O deputado federal paraibano Pedro Cunha Lima (PSDB) não sofrerá qualquer tipo de punição por parte da cúpula nacional do partido se mantiver a decisão de votar contra a aprovação do projeto de reforma da Previdência Social de iniciativa do governo Michel Temer (PMDB). Depois de reuniões nas últimas horas, já sob a presidência do governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, a Executiva Nacional do PSDB praticamente fechou questão pela votação favorável à reforma da Previdência, mas liberou parlamentares filiados a votarem de acordo com sua consciência, não impondo nenhuma regra com caráter de sanção.
Pedro Cunha Lima, que é filho do senador Cássio Cunha Lima e neto do poeta e ex-governador da Paraíba, Ronaldo Cunha Lima, que também foi senador e deputado federal, já externou em redes sociais e em declarações à imprensa sua posição contrária ao texto da reforma da Previdência por entender que ele afronta direitos e expectativas de trabalhadores do sexo feminino e masculino. O parlamentar tem se queixado, também, da falta de maior diálogo e transparência por parte do governo com segmentos da sociedade em torno da questão da reforma previdenciária, apesar da magnitude de que ela se reveste. A postura de fechamento de questão mas com liberação de voto vale também para os senadores filiados ao PSDB.
A direção nacional tucana manteve a decisão mesmo sabendo das reações até irônicas, oriundas de líderes de outros partidos, que qualificaram o posicionamento como confirmação do estilo “murista” que é atribuído ao PSDB na relação com governos. Há várias semanas o partido vem se consumindo em divergências, com a eclosão de um núcleo favorável ao “desembarque” do governo de Michel Temer, onde o partido estava alojado. O ministro Antonio Imbassahy, da Secretaria de Governo, pediu exoneração depois que formalmente foi aprovada postura autônoma e não de alinhamento incondicional do PSDB ao governo, mas o próprio presidente Temer avisou que, se depender dele, a postura é de flexibilidade em relação a votos na Câmara ou no Senado.
As versões que chegam de Brasília dão conta de que o Palácio do Planalto confia em que, mesmo com a não aplicação de punições a tucanos “infiéis”, haja um expressivo contingente de parlamentares favoráveis ao projeto encaminhado pelo governo e que é considerado fundamental como tentativa para equacionar o problema da aposentadoria, que já está solucionado em vários países, depois de muitas discussões e formulação de consensos. Interlocutores do presidente Michel Temer avaliam que se tornou mais fácil a obtenção de apoios à reforma da Previdência tendo em vista alterações que foram sugeridas por parlamentares e incluídas no texto final. A preocupação do governo é a de votar a matéria o quanto antes, evitando que ela se arraste por 2018, que é um ano eleitoral, período em que políticos candidatos à reeleição são mais sensíveis à voz das ruas do que à negociação com o poder.
Nonato Guedes, com agências