Nenhuma voz ergueu-se dentro do PMDB paraibano para comentar o gesto do Procurador-Geral da República, Rodrigo Janot, denunciando integrantes da cúpula do partido no Senado por envolvimento em organização política criminosa. Foram denunciados Renan Calheiros (AL), Romero Jucá (RR), Edison Lobão (MA), Jáder Barbalho (PA) e Valdir Raupp (RO). Ainda foram incluídos o ex-senador José Sarney e Sérgio Machado, ex-presidente da Transpetro. A nível nacional a direção do PMDB disse que a denúncia carece de provas e é mais uma tentativa de envolver o partido em ações de desgaste. Ressalta que as acusações são fundamentadas apenas em delações direcionadas e pouco confiáveis.
Os dois senadores do PMDB paraibano no Senado – José Maranhão e Raimundo Lira estão incólumes quanto a denúncias comprometedoras. Os que estão envolvidos são acusados de receber propina de R$ 864 milhões e ocasionar prejuízo de R$ 5,5 bilhões aos cofres da Petrobras, mais R$ 113 milhões aos da Transpetro. A Procuradoria deixou claro que o núcleo da organização também era composto por integrantes do PP e do PT. O arrazoado da PGR indica que os políticos denunciados atuam pelo menos desde 2004 em atividades ilícitas. O órgão afirma que os prejuízos à Petrobras e Transpetro foram causados em razão da manutenção do cartel formado pelo direcionamento dos contratos para determinadas empresas.
De acordo com o teor da denúncia, Calheiros, Jucá, Lobão e Raupp teriam passado a receber vantagens indevidas provenientes dos contratos da diretoria de abastecimento da Petrobras a partir de 2006, quando apoiaram a permanência do então diretor, Paulo Roberto Costa, que depois se tornou delator da Operação Lava-Jato. A diretoria internacional, então comandada por Nestor Cerveró, teria oferecido R$ 6 milhões à campanha do PMDB em 2006, com pagamento intermediado por Jader Barbalho, segundo informações da Folhapress. A PGR diz ainda que Sérgio Machado confessou que os políticos responsáveis pela sua nomeação na Transpetro foram, principalmente, Renan Calheiros, Jader Barbalho, Romero Jucá, José Sarney e Edison Lobão. A denúncia pede que os senadores percam os mandatos e paguem R$ 100 milhões como reparação de danos patrimoniais e R$ 100 milhões em reparação de danos morais. A apresentação da denúncia não significa que os envolvidos sejam culpados dos crimes imputados pela PGR. Primeiro, caberá ao Supremo Tribunal Federal acatar ou não a denúncia.
A cúpula nacional peemedebista, por intermédio de sua assessoria, identificou na denúncia de Janot uma “cortina de fumaça” para desviar a atenção sobre suspeitas envolvendo o acordo de colaboração do grupo J&F. Raupp diz ter sido acusado injustamente e que vai demonstrar sua inocência. “É de se estranhar e causar espanto que a denúncia feita no apagar das luzes da atual gestão da Procuradoria-Geral tenha como base delações feitas por pessoas que eu não conheço”, frisou. O advogado Antonio Carlos de Almeida Castro disse que Janot está colocando o simples fato de as pessoas serem filiadas e exercerem o dia a dia da política, que é indicar nomes para cargos técnicos, como se isso fosse de alguma forma uma organização criminosa.
Nonato Guedes, com Folhapress