Uma das primeiras providências do prefeito interino de João Pessoa, Manoel Júnior (PMDB), após receber o cargo das mãos do titular Luciano Cartaxo, que se licenciou para viagem de uma semana aos Estados Unidos, foi visitar a Câmara Municipal e a Assembleia Legislativa, fortalecendo contatos com integrantes do bloco aliado a Cartaxo mas, também, abrindo canais de entendimento com parlamentares opositores. A ação, conforme versões, teria sido combinada com Luciano Cartaxo, ciente da agressividade com que o governo do Estado articula base na Assembleia para combater a administração municipal pessoense.
Manoel Júnior disse que se sentiu em casa na Assembleia Legislativa, ambiente que ele frequentou em algumas legislaturas, e confirmou que se atribuiu a missão de aparar arestas políticas, mas ressaltou que respeita o exercício democrático da oposição, desde que denúncias formuladas tenham consistência e fundamento. Na Câmara, o peemedebista reiterou aos vereadores da base de Cartaxo que eles continuarão sendo prestigiados e salientou que a gestão está aberta a colaborações, dentro da filosofia de atuar em conjunto. O prefeito em exercício, ao ser abordado por repórteres, falou do seu entrosamento com Luciano Cartaxo, que é do PSD e manifestou o desejo pessoal de que a frente formada para apoiá-lo em 2016, na campanha à reeleição, seja rearticulada para os embates do próximo ano. O nome do prefeito licenciado tem sido especulado para concorrer ao governo do Estado na faixa de oposição à gestão e ao esquema político liderado pelo governador socialista Ricardo Coutinho.
Júnior não ignorou as divergências internas que se processam dentro do partido a que é filiado tendo como pano de fundo a projeção da disputa sucessória em 2018, porém, manifestou a confiança em que o senador José Maranhão, presidente do diretório regional peemedebista, terá habilidade para compor interesses e tomar posições que encaminhem a agremiação para uma sintonia com os anseios populares. De acordo com Manoel Júnior, uma provável candidatura de Luciano ao governo do Estado incomoda segmentos governistas e outras lideranças que fazem oposição a Cartaxo porque terá como lastro o trabalho que tem sido empreendido em João Pessoa, a despeito de dificuldades conjunturais. Se Luciano realmente assumir a candidatura ao Palácio da Redenção, terá que renunciar ao cargo de prefeito, que será automaticamente exercido por Manoel Júnior. Este, por sua vez, ganhará condições para disputar uma reeleição à prefeitura mais adiante.
No momento, como deixou entrever Manoel Júnior, a administração municipal em João Pessoa está focada em projetos administrativos que começam a deslanchar e que possuem alcance extraordinário, beneficiando a comunidade em diferentes setores essenciais. O saldo da gestão, conforme ele, é que balizará a receptividade ao nome de Cartaxo em outros partidos como opção para concorrer ao governo do Estado. Mas Júnior não tem dúvidas de que, desde agora, Luciano vem apresentando resultados extremamente positivos e se credenciando, por gravidade, no páreo à sucessão do governador atual.
Nonato Guedes