O Partido Socialista Brasileiro na Paraíba, liderado pelo governador Ricardo Coutinho, festejou um crescimento inegável da sua representação política na Assembleia Legislativa, bem como a eleição do primeiro deputado federal socialista, Gervásio Maia, atual presidente da ALPB, e a consagradora votação do candidato ao governo João Azevêdo, que liquidou a fatura no primeiro turno. Não obstante, o partido está minado por séria divisão interna, como ficou demonstrado ontem, tendo como pano de fundo a PEC decretando o fim da eleição antecipada de Mesas Diretoras, bem como acabando com o direito à reeleição para presidentes e integrantes da Casa.
Essas questões ocasionaram ampla controvérsia na sessão de ontem e nos bastidores políticos, com troca de acusações graves em tom de desabafo. O confronto opõe o ex-presidente da Assembleia Legislativa, Adriano Galdino, candidato a voltar ao cargo, e Ricardo Barbosa, o quarto deputado mais votado nas eleições de outubro, ao atual presidente e deputado federal eleito Gervásio Maia e aos deputados reeleitos Hervázio Bezerra, Jeová Campos e Estela Bezerra. Com uma bancada prevista de oito deputados para a próxima legislatura, o PSB foi alertado pelo governador Ricardo Coutinho de que precisa buscar urgentemente o consenso e evitar atitudes que agravem dissensões no bloco oficial. A opinião exposta por Ricardo Coutinho é a de que os assuntos em pauta deveriam ter sido objeto de discussão maior na Assembleia e junto a segmentos da sociedade. Infelizmente isto não aconteceu, acrescentou, externando a convicção pessoal de que os contendores chegarão a bom termo.
O deputado Gervásio Maia ficou injuriado com a insinuação do deputado Ricardo Barbosa de que como presidente atual da Assembleia cumpre interesses subalternos para tomar essa decisão esdrúxula, autoritária e submissa. Pouco tempo depois, Gervásio cuidou de colocar panos mornos na discussão. Tenho muito apreço ao deputado Ricardo Barbosa e não vejo motivos para estresse. O deputado HervázioBezerra, líder do governo na Assembleia, opinou que a Proposta de Emenda Constitucional aprovada não teve cumprido o ritual próprio definido pelo regimento interno. Destacou, ainda, os ruídos que a votação da PEC acarretou à base governista.
– É evidente que existe um estremecimento da base. E olhe que estamos há quase 90 dias da eleição da presidência. Elegemos uma bancada forte, com 22 deputados gravitando na órbita da base de sustentação política do governo, e de repente nos deparamos com um atropelo totalmente desnecessário pontuou Hervázio. A deputada estadual Camila Toscano, do PSDB, também questionou o requerimento encaminhado à Procuradoria da Assembleia. Esta Casa, infelizmente, está curvada ao Palácio da Redenção quando o correto seria respeitar-se a autonomia do plenário. Por via das dúvidas, o deputado Gervásio Maia encaminhou o processo para a Procuradoria Jurídica da Casa a fim de emitir parecer conclusivo.
Nonato Guedes