O governador Ricardo Coutinho (PSB) propôs um encontro entre ele, o prefeito de João Pessoa, Luciano Cartaxo (PSD) e representantes do grupo empresarial Ferreira Costa para debater e resolver o embargo, pela prefeitura, de um empreendimento que iria gerar cerca de 500 empregos no Estado. De acordo com Ricardo, a reunião está agendada para quinta-feira próxima. O prefeito Luciano Cartaxo, que é adversário político do governador e está, informalmente, em pré-campanha para disputar o governo do Estado, não comentou sobre se aceita o convite formulado por Ricardo para um entendimento.
O governador culpou diretamente a prefeitura pelos problemas, dizendo que a empresa desistiu de se instalar no Estado após a cassação da licença pela prefeitura, bem como aplicação de multa. “A Paraíba não pode, numa crise como essa,perder esse tipo de investimento”, adiantou o socialista, dizendo que foi o responsável por receber os empresários e atrair o grupo a investir na Paraíba. A instalação do empreendimento representaria um investimento de R$ 120 milhões e a obra ficaria entre João Pessoa e Cabedelo. Representantes da Câmara de Diretores Lojistas, Ministério Público e outras instituições, estão sendo acionados para colaborar com vistas a uma solução.
O advogado Davi Tavares Viana, representante da empresa Ferreira Costa na Paraíba, garantiu que não pretende judicializar o embargo da prefeitura de João Pessoa às obras de expansão do grupo na Capital. A estratégia dos diretores do grupo é manter-se em silêncio, aguardando uma decisão por parte da prefeitura. O advogado salientou que o grupo tem uma política de boa convivência e não pretende ingressar em polêmica derivada de injunções políticas no Estado. Segundo Davi, a prefeitura de João Pessoa chegou a emitir licença para o início das obras, mas logo em seguida embargou os serviços alegando inexistência de licença. “O grupo Ferreira Costa quer apenas investir na Paraíba. Com essa obra serão gerados 500 empregos diretos, num investimento inicial de R$ 70 milhões. Vamos aguardar uma decisão da prefeitura”, comentou o advogado.
– É preciso que a gente tenha transparência e trabalhe para superar os problemas e as adversidades. Eu estou disposto a fazer isso, vou receber a empresa e gostaria muito de receber o prefeito de João Pessoa, já que o município foi o autor da paralisação do empreendimento, bem como receber representantes do Ministério Público e de outras instituições para que a coletividade não seja prejudicada – argumentou o governador Ricardo Coutinho. O governador, que prestigiou, ontem, a solenidade de assinatura dos decretos regulamentando serviços e legislações para a comunidade LGBT, informou aos jornalistas que não está cogitando promover reforma administrativa até o final do ano.
Ricardo também criticou a decisão da Associação dos Magistrados da Paraíba em adotar providências judiciais contra a aprovação do Projeto de Lei Orçamentária para 2018 aprovado na Assembleia Legislativa. Ele advertiu que não é somente o Poder Executivo que tem que realizar cortes no orçamento para o próximo ano. “Nós temos que viver com o tamanho das nossas pernas. Chega dessa ideia de que tudo que é restritivo só pode ser feito pelo Executivo e por mais ninguém. O orçamento de todo mundo está curto, e o que é que se faz? Tem que se adequar. Existe uma sociedade entre os poderes e um não pode mais do que outro. Essa discussão da LOA foi encerrada com a votação na Assembleia Legislativa de forma soberana, pois ninguém pode substituir o Poder Legislativo. Se for judicializada, eu não posso fazer nada. Gostaria apenas que dissessem claramente porque estão judicializando a questão”, desabafou o governador.
Nonato Guedes