O governador da Paraíba, Ricardo Coutinho (PSB) foi um dos subscritores da carta aberta ao presidente da República, Michel Temer, condenando declarações do ministro Carlos Marun, que consideraram arbitrária e inconstitucional. Marun condicionou a liberação de financiamento para os Estados junto a bancos públicos ao apoio dos governadores à reforma da Previdência, com a condição de pressionarem deputados sob sua liderança a dar aval ao texto que está sendo retocado pelo Palácio do Planalto e que enfrenta fortes resistências na classe política.
O protesto é firmado por sete governadores do Nordeste, os quais afirmam que não hesitarão em promover a responsabilidade política e jurídica dos agentes públicos envolvidos, caso a ameaça de retaliação a gestores venha a se concretizar. Os governadores mencionam a Constituição, que não admite atos arbitrários para extrair alinhamentos políticos, algo possível somente na vigência de ditaduras cruéis e finalizam apelando ao presidente para conter os ímpetos de Marun. Agraciado com a Secretaria de Governo, após manifestar lealdade irrestrita a Michel Temer, Carlos Marun fez a declaração polêmica após reunião mantida no Palácio do Planalto.
Ao revelar que a liberação de recursos de bancos públicos como a Caixa Econômica Federal seria usada como moeda de troca com governadores para que eles pressionem deputados a aprovarem mudanças nas regras de aposentadoria, o ministro disse que não se tratava de nenhuma chantagem, mas, sim, de uma ação de governo. Já os governadores entenderam a manifestação como ameaça e propuseram ao presidente da República que reoriente seus auxiliares com o objetivo de coibir práticas inconstitucionais e criminosas. Marun protagonizou, como deputado federal, a dança pró-Temer, postando um vídeo em que cantarolava a música Tudo está no seu lugar, de Benito de Paula, ao comemorar a derrubada da segunda ação pedindo investigação do presidente por supostos atos ilícitos. O cantor chegou a desautorizar Marun, que rebateu dizendo-se decepcionado com ele e alegando que a música era de domínio público. Presidente nacional do PSDB, o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, considerou um equívoco o comportamento de Marun.
– O governo do presidente Michel Temer tem o dever de trabalhar pela reforma, mas não pode vincular financiamento de banco público a votação de deputado. O que precisamos ter é o convencimento da população e dos deputados ressaltou Alckmin.
Nonato Guedes