Em meio a versões sobre “trapalhadas” em Brasília, o presidente Michel Temer (PMDB), que enfrenta uma segunda denúncia da Procuradoria-Geral da República, agendou encontros com diversos parlamentares, que see disseram colhidos de surpresa e descartaram a possibilidade de encontro com o mandatário. Em princípio, 42 nomes de deputados foram incluídos entre os que teriam audiência com Temer. A partir daí, sucedeu-se um enredo de mal-entendidos. O deputado Rogério Rosso, do PSD-DF, por exemplo, disse que apenas pediu audiência para um outro parlamentar, mas que de sua parte não cogitava ir ao Planalto.
A deputada Shéridan Oliveira, do PSDB-RR, chegou a se dizer indignada com a inclusão do seu nome na agenda oficial liberada com a imprensa. Shéridan pontuou que se sentiu desrespeitada e adiantou que não tinha motivação alguma para ir ter com o presidente da República. O líder do PP, Arthur Lira (AL) cuidou de avisar que fora intermediário de uma audiência para a bancada de Roraima. “A liderança só pediu. Não vou”, fulminou o parlamentar. A deputada Shéridan, que é relatora de uma das propostas da reforma política, jurou não ter sido consultada sobre a inclusão do seu nome na agenda.
– A Presidência tem todos os meus contatos e em momento algum houve qualquer diálogo. Não solicitei nem tenho interessante nessa conversa – explicitou a deputada, visivelmente irritada. Ela ainda revelou que votará em plenário pelo prosseguimento da denúncia contra o presidente Michel Temer. No início da tarde, o Palácio do Planalto atualizou a agenda do presidente, relacionando apenas políticos que se dispuseram a ser recebidos por Temer, entre os quais o paraibano Aguinaldo Ribeiro, do PP, este por razão óbvio: é líder do governo na Câmara e tem sido acionado pelo Planalto para iniciativas junto a colegas a fim de barrar a tramitação da segunda denúncia contra Michel Temer. Mesmo perdido, o governo promoveu mais uma troca na Comissão de Constituição e Justiça, como manobra para salvar o presidente e dois ministros (Moreira Franco e Eliseu Padilha) da denúncia da PGR. Partidos do centrão passaram a exigir que o governo cumpra o que prometeu à época da primeira denúncia: a liberação de cargos e de emendas. Já à noite de ontem, apurou-se que o Planalto voltou a acelerar o empenho de emendas para parlamentares, dentro da estratégia de barrar a segunda denúncia. Foi autorizado empenho de pelo menos 80,6% das emendas em setembro após a apresentação da segunda denúncia.
Nonato Guedes, com Folhapress