O presidente Michel Temer (MDB), que se tornou o saco de pancadas predileto de candidatos às eleições deste ano em vários Estados, tem se incomodado nas últimas semanas com artigos que lê nos jornais dizendo que seu governo acabou e que ele não terá mais nada de relevante para anunciar até o final do ano. De acordo com a revista Istoé, o presidente chegou a ligar, em alguns casos, pessoalmente, para articulistas de órgãos da mídia sulista, rebatendo avaliações negativas sobre sua gestão com números e supostas realizações empreendidas.
Usufruindo índices baixíssimos de popularidade, o maior temor do presidente Michel Temer é o de chegar às eleições da forma como José Sarney chegou em 1989, quando todos os candidatos na disputa criticavam o seu governo e desejavam manter distância dele. Foi por essa razão que Temer chegou a cogitar, primeiro, disputar a reeleição, e depois ajudou a articular pessoalmente para que seu ex-ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, fosse candidato pelo MDB. Meirelles tem evitado aparecer como candidato vinculado ao governo Temer e já deixou claro, em conversa com o próprio presidente, que só defenderá medidas e ações efetivamente positivas para a imagem do governo federal.
Na condição de ministro da Fazenda, o candidato emedebista deu contribuição relevante para o processo de estabilização econômica, segundo ele assegura, salientando que é este aspecto que pretende explorar nos debates durante a campanha eleitoral em andamento. O candidato a vice na sua chapa é Germano Rigotto, do MDB do Rio Grande do Sul, ex-governador daquele Estado. Goiano de Anápolis, Henrique Meirelles tem 72 anos. Em 2002, foi eleito deputado federal pelo PSDB, cargo do qual abdicou para comandar o Banco Central de 2003 a novembro de 2010 no governo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. No governo de Michel Temer ele foi investido na Pasta da Fazenda em maio de 2016, ali permanecendo até abril deste ano. Construiu a carreira como economista no mercado internacional, assumiu a presidência mundial do BankBoston, no qual ingressou em 1974 e tornou-se presidente da instituição no Brasil em 1984. Declarou à Justiça Eleitoral, por ocasião do registro da candidatura, um patrimônio de R$ 377,5 milhões.
O presidente Michel Temer aponta como dado positivo da sua gestão a recuperação dos números da poupança. Entende que se o brasileiro recuperou alguma capacidade de poupar é porque houve melhoria da economia de um modo geral. E essa melhora, acrescenta em conversas íntimas, é fruto das ações de seu governo. Para o presidente, porém, o clima político parece impedir que sua imagem cole em qualquer boa notícia. O presidente preocupa-se em manter viva sua capacidade de articulação política. Reforça que a decisão de colocar Germano Rigotto como vice de Meirelles deu-se após uma ligação pessoal para o ex-governador gaúcho. E diz que participou ativamente das negociações que levaram o Centrão a optar por Geraldo Alckmin, do PSDB, e não por Ciro Gomes, do PDT.
Nonato Guedes