O deputado federal Veneziano Vital do Rêgo, eleito senador este ano pelo PSB, deixou os quadros do MDB (ex-PMDB) sem ter conseguido sensibilizar a cúpula do partido para adotar sua candidatura ao governo do Estado. Ele havia se preparado para essa circunstância em 2006 e 2010. Nas duas oportunidades, José Maranhão, atual senador, ex-governador e presidente do diretório regional emedebista, lançou-se ao páreo. Em 2006, Maranhão perdeu para Cássio mas, por decisão do TSE, investiu-se na titularidade em fevereiro de 2009 com a perda de mandato de Cunha Lima. Em 2010, pretextando direito à reeleição, o senador ocupou a vaga, sendo derrotado por Ricardo Coutinho. Agora, dentro do PSB e triunfante nas eleições deste ano, a luta de Veneziano é para ampliar os espaços que não teve na agremiação de origem.
Veneziano, quando se tornou opção dentro do PMDB, chegou a percorrer municípios do interior do Estado como parte de estratégia para massificar seu nome e propagandear os feitos na administração municipal de Campina Grande, que ocupou duas vezes, derrotando nas urnas o ex-deputado Rômulo Gouveia. Em 2014, Maranhão acenou com o lançamento de Veneziano mas não ofereceu condições para que o projeto se tornasse realidade. O resultado foi que o senador Vital do Rêgo, irmão de Veneziano, assumiu o desafio da candidatura, não logrando, contudo, passar para o segundo turno. A disputa de 2014 selou a reeleição do governador Ricardo Coutinho, confrontando-se em segundo turno com Cássio Cunha Lima. Veneziano preferiu investir na eleição a um mandato à Câmara Federal, sendo bem sucedido.
Na Câmara, ele contrariou orientação da cúpula nacional em questões pontuais de votações de matérias de interesse do governo Michel Temer e foi punido de forma disciplinar, com o seu afastamento de cargo influente na hierarquia do então PMDB. Todos esses fatos sedimentaram a convicção de Veneziano de que só alcançaria espaços maiores se migrasse para outra legenda. Aceitou, então, o convite do governador Ricardo Coutinho para ingressar no PSB e disputar uma vaga ao Senado. Ele não titubeou oficializou o desligamento do PMDB, hoje MDB, e enfrentou a batalha senatorial. Concorreu fazendo dobradinha com o deputado federal Luiz Couto, do Partido dos Trabalhadores. No final das contas, Veneziano abocanhou uma vaga e a deputada estadual Daniella Ribeiro, do PP, ficou com a outra, tornando-se a primeira senadora eleita na história da Paraíba. Cássio Cunha Lima, do PSDB, que postulava a reeleição, ficou em quarto lugar e teoricamente vai atuar em banca de advocacia ao concluir o atual mandato.
Veneziano é reconhecido por líderes políticos, inclusive do próprio ex-partido, como um dos quadros promissores da conjuntura paraibana. Ele já anunciou que pretende se articular em Brasília para desenvolver atuação que priorize reivindicações do Nordeste e, em paralelo, da Paraíba, dando a sua contribuição para o êxito do governador eleito João Azevedo, a quem apoiou. Vital do Rêgo, que deixou a política, é ministro do Tribunal de Contas da União. Em princípio, Veneziano descarta a hipótese de postular novamente a prefeitura de Campina em 2020, mas tem cacife no esquema ricardista para ser ungido, se for o caso.
Por Nonato Guedes