O deputado federal Manoel Júnior (PMDB-PB) prestou depoimento, ontem, no Supremo Tribunal Federal, em Brasília, como testemunha de defesa do presidente afastado da Câmara, Eduardo Cunha em uma das ações penais que tramitam contra ele no STF. Um outro deputado peemedebista paraibano, Hugo Motta, tem seu depoimento agendado para a tarde de hoje. Abordados pela imprensa, os parlamentares esquivam-se de entrar em detalhes sobre o teor das declarações prestadas. Esta foi a linha adotada, também, por Carlos Sampaio, do PSDB-SP e Pedro Chaves, do PMDB-GO. Eles disseram ter explicado como funciona o mecanismo de apresentação de requerimentos na Câmara dos Deputados.
No processo em andamento na Corte, Eduardo Cunha é acusado de receber cerca de US$ 5 milhões em dinheiro desviado de contrato de navios-sonda da Petrobras. Na saída do tribunal, Manoel Júnior disse que foi orientado a não conversar com jornalistas sobre o teor do depoimento, enquanto Carlos Sampaio não confirmou tese da defesa de Cunha sobre o login do parlamentar. Cunha é tido como um político controverso e há interesse dos aliados em se preservar diante de insinuações ou explorações. Quando foi cogitado para ser candidato a prefeito de João Pessoa pelo PMDB, Manoel Júnior teve seu retrato ao lado de Cunha estampado em “out-doors” por adversários políticos. A insinuação era de que o deputado paraibano integrava a famosa “tropa de choque” de Cunha, que operou, sobretudo, quando o parlamentar pelo Estado do Rio presidiu a Casa. Júnior nunca confirmou essa versão. Atualmente, ele é candidato a vice-prefeito da Capital paraibana na chapa encabeçada pelo prefeito Luciano Cartaxo, do PSD.
Hugo Motta é deputado de primeiro mandato e costuma ser relacionado pela mídia sulista entre os integrantes do chamado “baixo-clero” da Câmara dos Deputados. Aproximou-se de Eduardo Cunha e em pouco tempo adquiriu espaços, chegando a presidir uma CPI que investigava irregularidades no governo de Dilma Rousseff. Numa das sessões da CPI, Motta foi abordado por parlamentares sulistas que, segundo diz, tentavam intimidá-lo. Ao tomar conhecimento da investida, Cunha, que presidia uma sessão no plenário da Câmara, foi até à sala de reunião da CPI e hipotecou irrestrita solidariedade a Hugo Motta e ao trabalho por ele desenvolvido.
No período dos festejos juninos deste ano, Hugo Motta recepcionou em sua casa, em Patos, uma filha de Eduardo Cunha, que se deixou fotografar ao lado de amigas e deu declarações sobre seu interesse em conhecer o chamado ‘forró’ nordestino. As possibilidades de retorno de Cunha a postos em evidência na Câmara é cada vez mais remota diante da enxurrada de acusações contra ele. O impeachment de Dilma Rousseff também complicou a situação de Cunha, apontado como o detonador da ofensiva pelo impeachment no âmbito congressual. Há, agora, um clima de expectativa diante do desdobramento das investigações envolvendo Cunha.
Por Nonato Guedes