É quase consensual em rodas políticas em João Pessoa que o prefeito Luciano Cartaxo (PSD) disputa a reeleição este ano mas atento ao calendário, mais precisamente a 2018, quando pretenderá concorrer ao governo do Estado. Diz-se que esta é uma prática normal inerente ao jogo político e que a margem estreita de tempo entre uma eleição e outra não deverá constituir desvantagem para o alcaide da Capital paraibana, que se aproveitará de um certo vácuo no cenário local, já que líderes testados em outras oportunidades e não bem sucedidos irão raciocionar bastante até se definirem por concorrer ao Palácio da Redenção. Isto valeria, por exemplo, para Cássio Cunha Lima e José Maranhão. Ricardo Coutinho não é mencionado porque não pode disputar um terceiro mandato consecutivo ao governo, podendo cortejar o Senado ou a Câmara.
Teses são teses, não ofendem a ninguém quando espalhadas sem o caráter de proselitismo ou de doutrinação – mas apenas como exercício da imaginação criadora. É evidente que o sonho de todo político é o de governar o Estado de origem, mas isto nem sempre vira realidade. Seja porque a palavra governador não está no horóscopo de alguns deles, seja porque a conjuntura não lhes favorece. O jogo político, por ser dinâmico, é cruel em certa medida. Humberto Lucena, um dos mais respeitáveis líderes do Estado, que foi presidente do Congresso por duas vezes, não logrou vitoriar ao governo do Estado. Aliás, não logrou sequer concorrer – sempre abriu mão em favor de outros, o último deles Tarcísio Burity em 86.
No reverso da medalha, Wilson Braga, que em certa época foi o campeão de votos na Paraíba, tentou, perseguiu mas não conseguiu inscrever o Senado na sua trajetória política. Foi inapelavelmente derrotado quando a isto se aventurou, embora tenha se saído muito bem num prélio também acirrado – ao governo do Estado. Em 82, por exemplo, ele derrotou Antônio Mariz com uma diferença de 151 mil votos. Raimundo Lira, que foi senador como azarão e derrotou o próprio Wilson Braga, ameaçou se aventurar ao governo do Estado mas recolheu os flaps em tempo. A conjuntura não lhe era simpática. Pode ser que em 2018 os astros facilitem a sua vida por esse terreno, já que ele, tal qual a Fênix, renasceu das cinzas no horizonte político e está novamente senador.
O Palácio da Redenção é o grande desafio, mesmo, para Veneziano Vital do Rêgo, ex-prefeito de Campina Grande por duas vezes, atual deputado federal mas novamente prefeito de Campina Grande. Havia a expectativa de que em 2014 Veneziano fosse o candidato peemedebista ao Palácio da Redenção e ele vestiu esse figurino por algum tempo. Por dá cá aquela palha, Veneziano acabou fugindo da raia e pedindo ao irmão, Vital, hoje ministro do TCU, que encarasse a disputa. Vital entrou por honra da firma e talvez, também, porque seja mesmo afeito a desafios. Sabia que a atmosfera era desvantajosa para quem estava entrando como candidato-substituto ou tampão e não deu outra. Ainda assim, credenciou-se na vitrine e acabou nomeado por Dilma Rousseff para integrar o Tribunal de Contas da União, onde, naturalmente, se aposenta da política-partidária.
Cada eleição, invariavelmente, proporciona o surgimento de figuras que não estavam nas cogitações rotineiras. Foi assim com Marcondes Gadelha, que em 86 entrou às pressas como candidato ao goverrno para substituir o empresário José Carlos da Silva Júnior, que desistira. Gadelha acabou triturado nas urnas por Tarcísio Burity por uma diferença de quase 300 mil votos – à época, era uma margem acachapante, por assim dizer. De lá para cá, a governança do Estado permanece como objeto do desejo de Gadelha, mas apenas no íntimo. Formalmente ele não passa recibo de que pretenda ir para nova disputa. O mesmo se dá com o ex-senador Efraim Morais, um quadro novo, valioso, que poderia perfeitamente concorrer ao Palácio da Redenção. Efraim parece cada vez mais distante de política, embora ainda presida o DEM.
Quanto a Luciano Cartaxo, precisará passar, primeiro, por mais uma prova dos noves na conquista da prefeitura da Capital. Somente então é que poderá sonhar com a hipótese de concorrer ao governo. E não só concorrer, mas, até mesmo, ser vitorioso. Este é o horizonte que se coloca. Sonhar continua sendo liberado. Não há proibição alguma nem na lei nem no imaginário. O problema, muitas vezes, é combinar com o eleitorado. Como dizia Garrincha, em relação aos russos, no jogo com a seleção brasileira….
Por Nonato Guedes