Uma pesquisa realizada pela ‘6Sigma Pesquisa e Consultoria Limitada’ para o Sistema Correio de Comunicação, divulgada na edição de hoje do jornal “Correio da Paraíba”, aponta favoritismo expressivo do prefeito Luciano Cartaxo (PSD) e sinaliza que sua reeleição poderá vir a ser decidida no primeiro turno se não houver fato superveniente que altere as intenções de voto da média dos eleitores pessoenses. Em 2012, Luciano Cartaxo, que já foi deputado estadual e vice-governador, venceu o pleito majoritário na Capital em segundo turno numa disputa acirrada contra o então senador Cícero Lucena, do PSDB, que já fora prefeito de João Pessoa por duas vezes. Cícero, atualmente fora de militância política uma vez concluído o mandato no Congresso, já manifestou preferência pessoal pela candidatura de Cartaxo, que tem o apoio do PMDB e do senador tucano Cássio Cunha Lima (atualmente licenciado).
No quesito “estimulado”, a pesquisa da “6Sigma” atribui percentual de 42,9% a Luciano Cartaxo. A candidata do PSB, professora Cida Ramos, apoiada pelo governador Ricardo Coutinho, desponta com 23,2% das preferências. Charliton Machado, do Partido dos Trabalhadores, detém 1,5% das intenções de voto e Victor Hugo do Nascimento, do Psol, aparece em último lugar com 0,7%. Foram realizadas mil entrevistas em pelo menos quarenta e cinco bairros de João Pessoa. A estimativa apurada de votos nulos e brancos ficou em torno de 10%. Cartaxo e seus interlocutores políticos festejam os resultados de forma discreta para evitar triunfalismo que redunde em efeito bumerangue com reação negativa de parcelas de eleitores que hoje sufragariam o seu nome. A candidata Cida Ramos, que até pouco tempo foi secretária de Desenvolvimento Humano do governo do Estado, concorre pela primeira vez a um mandato eletivo. Até então, sua trajetória política era de militância no movimento estudantil, em batalhas travadas no Diretório Central dos Estudantes da Universidade Federal da Paraíba.
O vice de Cartaxo é o deputado federal Manoel Júnior, do PMDB, ex-prefeito de Pedras de Fogo, que chegou a ser apontado por adversários como suposto integrante da tropa de choque do ex-presidente da Câmara Federal, Eduardo Cunha. Na sessão desta semana, em que o mandato parlamentar de Cunha foi cassado por votação acachapante (450 a favor), Manoel Júnior constou no painel eletrônico como favorável à cassação. O vice de Cida Ramos é o deputado federal Wilson Santiago Filho, do PTB, que também votou pela cassação de Eduardo Cunha, alegando que ele cometeu atos contrários ao decoro e à ética parlamentar. A maioria esmagadora da bancada paraibana disse “SIM” à cassação. Declaradamente, apenas o deputado federal Wellington Roberto, do PR, votou contrário à punição, explicando que haviam sido descumpridas algumas providências essenciais à plena defesa de Cunha em face das acusações formuladas contra ele, envolvendo-o, inclusive, na Operação Lava Jato que tem sido conduzida pelo Ministério Público com o reforço da Polícia Federal.
Reconhecimento – Interlocutores do prefeito Luciano Cartaxo avaliam o favoritismo dele na pesquisa da “6Sigma” para o “Sistema Correio” como reconhecimento de influentes camadas da população às obras que ele tem empreendido, a despeito da crise financeira de caráter nacional e da dificuldade para firmar parcerias com o governo do Estado. Cartaxo foi companheiro de Ricardo Coutinho dentro do Partido dos Trabalhadores mas nunca se submeteu à sua liderança. Em 2014, chegou a se aliar à reeleição de Ricardo que, em compensação, apoiou o irmão gêmeo de Luciano, Lucélio, para candidato ao Senado. O vitorioso foi José Maranhão. A aliança Cartaxo-Coutinho não sobreviveu ao pleito deste ano. O prefeito é, naturalmente, candidato à reeleição. O governador lançou, primeiramente, o nome do ex-secretário de Infraestrutura, João Azevedo, para candidato a candidato a prefeito. Em virtude de suposta dificuldade de Azevedo para “decolar” eleitoralmente, o gestor socialista e seu “staff” optaram pelo nome de Cida Ramos, que, em tese, poderia dar um viés esquerdista à campanha. A liderança do atual prefeito na disputa, todavia, foi confirmada agora na pesquisa.
Luciano Cartaxo deixou os quadros do Partido dos Trabalhadores quando estourou o escândalo do mensalão, já no segundo mandato do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em meio às prisões de líderes nacionais da legenda como o ex-presidente José Dirceu e o também ex-presidente José Genoíno. Migrou, então, para o PSD, que no Estado é presidido pelo deputado federal Rômulo Gouveia, ligado aos Cunha Lima em Campina Grande. No movimento desencadeado pelo impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff, o prefeito da Capital paraibana manteve uma postura silenciosa, sem se expor nos momentos mais tensos da conjuntura. Em contrapartida, o governador Ricardo Coutinho empalmou a resistência contra o impeachment de Dilma no Estado e trouxe-a, quando já estava afastada do cargo, para uma cerimônia pública em João Pessoa. Analistas políticos entendem que a conjuntura nacional não está tendo maior influência na disputa na Capital. O fator determinante seria, mesmo, a relação de forças entre líderes políticos locais.
Dados técnicos
A pesquisa foi realizada entre os dias 9 e 11 deste mês. Os pesquisadoras da 6 Sigma ouviram 1.100 eleitores em 45 bairros de João Pessoa. Os votos brancos e nulos seriam 10,8%. Não souberam responder 17,1% dos entrevistados. Outros 3,5% disseram que não votariam em qualquer candidato e 0,2% não informou. A pesquisa foi registrada no Tribunal Regional Eleitoral da Paraíba (TRE-PB) sob o número 06352/2016. A margem de erro, segundo a 6 Sigma, é de 2,95% e o nível de confiança é de 95%.
Por NONATO GUEDES