Nem o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva nem a ex-presidente Dilma Rousseff virão a João Pessoa participar da campanha do professor universitário Charliton Machado, candidato a prefeito pelo PT, que amarga percentual baixíssimo, numa terceira colocação, bem distante do candidato favorito Luciano Cartaxo, atual prefeito, e da candidata Cida Ramos, PSB, apoiada pelo governador Ricardo Coutinho.
Fontes da cúpula estadual petista alegaram “dificuldades de agenda” para justificar a ausência de Lula e Dilma da corrida eleitoral na Capital paraibana. Outras versões, divulgadas em sites noticiosos nacionais, dão conta de que a estratégia do comando nacional do PT é priorizar Capitais onde postulantes da legenda tenham condições concretas de vitória no pleito de dois de outubro.
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva ainda gravou um rápido depoimento recomendando o nome de Charliton Machado para a prefeitura de João Pessoa, enfatizando os compromissos que ele tem com o desenvolvimento da cidade. A fala de Lula tem sido reproduzida em inserções institucionais reservadas ao PT no horário eleitoral gratuito. Dilma Rousseff, que ainda se recupera do impacto do impeachment que sofreu por parte do Congresso Nacional, não parece ser “trunfo” tão disputado quanto Lula, a julgar pela omissão do seu nome as manifestações de lideranças petistas paraibanas.
O deputado federal Luiz Couto, sem entrar em detalhes, disse apenas que a vinda de Lula é inviável. A campanha está sendo impulsionada basicamente por militantes e líderes com mandato na Capital paraibana. É uma das campanhas mais difíceis que o PT já experimentou, disse uma fonte qualificada, lembrando que o partido ficou órfão de logística desde que o prefeito atual Luciano Cartaxo desfiliou-se da agremiação.
Luciano, que lidera pesquisas como a que foi realizada pela ‘6 Sigma’ para o Sistema Correio de Comunicação, trocou o PT pelo PSD, partido presidido no Estado pelo ex-vice-governador e hoje deputado federal Rômulo Gouveia, por sua vez ligado ao esquema do senador tucano Cássio Cunha Lima. Cartaxo montou uma aliança envolvendo o PSDB e o PMDB – este último indicou o deputado federal Manoel Júnior como candidato a vice-prefeito na chapa liderada por Luciano. Rômulo e Júnior votaram pelo impeachment de Dilma e, mais recentemente, pela cassação do mandato de Eduardo Cunha, ex-presidente da Câmara Federal.
A desfiliação de Cartaxo não foi bem digerida por expoentes da cúpula petista paraibana, a exemplo do deputado Frei Anastácio Ribeiro, que considerou ato de oportunismo o gesto. Luciano se desfiliou quando do estouro do escândalo do mensalão e tem evitado polemizar sobre a conjuntura política nacional, mantendo-se desengajado, por exemplo, da questão do impeachment da presidente Dilma Rousseff.
Quem assume ostensivamente a defesa de Dilma no Estado é o governador Ricardo Coutinho, que já pertenceu aos quadros do Partido dos Trabalhadores e deixou a sigla para manter candidatura a prefeito de João Pessoa por outra legenda, no caso o PSB. A ex-presidente chegou a vir para um evento promovido pela Assembleia Legislativa no Espaço Cultural, quando ainda residia no Palácio da Alvorada. O governador fez questão de estar presente e de externar seu integral apoio a Dilma, repisando o argumento de que ela estava sendo vítima de um golpe político-parlamentar. A postura de Ricardo, certamente, inibe a presença de Dilma em um palanque petista na Capital paraibana, embora o maio adversário da candidata do governador seja o atual prefeito Luciano Cartaxo e não o professor Charliton Machado, do PT.
Por NONATO GUEDES