A maioria das eleições para prefeito de João Pessoa, da década de 90 até hoje, foi decidida em primeiro turno pelas parcelas influentes do eleitorado. Somente em 92 e em 2012 o pleito foi liquidado no segundo turno. Em 92, para surpresa de analistas políticos locais, o professor Francisco Lopes (Chico Lopes), candidato a prefeito, assegurou vaga numa nova rodada. Ele enfrentou Francisco Xavier da Franca (Chico Franca), que concorreu pelo PDT e que entrou de última hora, substituindo a candidata Lúcia Braga, que enfrentou problemas judiciais em virtude de supostas irregularidades na prestação de contas referente à Funsat, uma Fundação que presidia no governo Wilson Braga. Franca, que ascendeu à titularidade, derrotou Lopes contando com a liderança do esquema braguista representado por Lúcia e pelo marido, o ex-governador Wilson Braga. A vice de Franca ficou sendo a professora Emília Freire.
Em 2012, Luciano Cartaxo, então candidato do PT, ultrapassou postulantes de expressão como o ex-governador José Maranhão e ganhou passaporte para um segundo turno contra o então senador Cícero Lucena, do PSDB. Cartaxo foi eleito, tendo agregado o apoio de Nonato Bandeira, incluído na chapa como vice e que era aliado político do governador Ricardo Coutinho, e do ex-prefeito Luciano Agra, que se sentiu “apunhalado” no PSB onde uma prévia sacramentou o nome de Estelizabel Bezerra, retirando-lhe o direito de postular a reeleição. O dinamismo da campanha e o arco de alianças que Cartaxo costurou foram decisivos para a sua vitória em 2012, aliados ao desgaste de Cícero Lucena, que representou as fileiras do PSDB. Hoje, Cartaxo disputa a reeleição, polarizando o cenário, até esta semana decisiva, com a candidata Cida Ramos, do PSB, que tem como principal cabo eleitoral o governador Ricardo Coutinho.
Chico Lopes, que foi deputado estadual pelo Partido dos Trabalhadores, não exerce mais atividades políticas há bastante tempo. Chico Franca igualmente não disputou outros mandatos eletivos. Em 1996, Cícero Lucena, que havia sido vice-governador de Ronaldo Cunha Lima e que assumira por 10 meses o cargo com a renúncia de RCL para disputar o Senado, ganhou de Lúcia Braga, que fora deputada constituinte em 88. Em 2000, Cícero derrotou no primeiro turno o hoje deputado federal Luiz Couto, do Partido dos Trabalhadores. Com Ricardo Coutinho, repetiu-se o fenômeno Cícero – ele ganhou no primeiro turno em duas eleições. Em 2004, Ricardo, que deixara o PT para se filiar ao PSB com a garantia de vaga para disputar o executivo, derrotou o ex-deputado estadual Ruy Carneiro, do PSDB, que contava com o reforço da máquina pilotada por Cícero Lucena. Em 2008, o concorrente de Ricardo Coutinho foi o deputado estadual João Gonçalves, do PSDB, que teve votação inferior, em muito, à que foi alcançada por Ruy Carneiro em 2004.
Os candidatos a prefeito nem sempre repetiram os vices ou companheiros de chapa de uma eleição para outra. Cícero teve dois vice-prefeitos: Reginaldo Tavares, do extinto PFL, indicado dentro de uma composição firmada pelas duas legendas, e Haroldo Lucena, do PMDB, partido a que Cícero pertenceu quando pleiteou a prefeitura, migrando posteriormente para o PSDB. Na eleição de 2004, Ricardo Coutinho teve como companheiro de chapa o hoje deputado federal Manoel Júnior, do PMDB. Em 2008, formando uma chapa puro-sangue e ignorando recomendações de nomes incluídos em listas pelas cúpulas partidárias, Coutinho lançou como seu vice o técnico Luciano Agra, que fora seu secretário na primeira gestão. Quando governador, Ricardo Coutinho teve Rômulo Gouveia, do PSDB, como vice, em 2010, e Lígia Feliciano, do PDT, em 2014. Manoel Júnior, que foi vice de Ricardo Coutinho na prefeitura mas na prática não exerceu papel efetivo, agora é candidato a vice-prefeito de Luciano Cartaxo, que migrou do PT para o PSD.
O comparativo dos resultados das referidas eleições leva políticos engajados na atual campanha e analistas políticos a não descartarem uma definição do pleito de 2016 na Capital paraibana já no próximo domingo, quando se realizará o primeiro turno. Ricardo Coutinho tenta alavancar sua candidata Cida Ramos para o segundo turno. Ela tem como candidato a vice-prefeito o deputado federal Wilson Santiago Filho, do PTB. Ele é filho do ex-candidato a senador Wilson Santiago, que foi o terceiro mais votado em 2010 e assumiu por alguns meses enquanto Cortes em Brasília decidiam os recursos interpostos pelo tucano Cássio Cunha Lima para assegurar-lhe a cadeira que foi conquistada nas urnas. A Justiça favoreceu a Cássio e ele se mantém no exercício pleno do mandato senatorial.
Nonato Guedes