A introdução da urna eletrônica e a vitória da reeleição, com um segundo mandato para quem já estava no cargo, foram as grandes características das eleições de 2000 na Paraíba. O jornalista Ademilson José, que escreveu um livro sobre a ‘sensação’ que foi a máquina eletrônica naquele pleito, lembra que houve uma cobertura de 100% no Estado. A inovação adotada pela Justiça Eleitoral acabou atendendo ao objetivo de agilizar os trabalhos de votação e apuração. Foram 6.636 urnas eletrônicas instaladas em 1.181 seções. Entre elas, remanescentes dos dois últimos pleitos – 96 e 98 em João Pessoa e algumas cidades influentes como Campina Grande, Patos, Santa Rita e Baeyux. O TRE disponibilizou 40 mil pessoas para trabalhar nas eleições, aí incluindo mesários e técnicos.
Apesar de terem sido detectados alguns problemas após o pleito, uma campanha de divulgação que levou mais de dois meses através dos veículos de comunicação orientou o eleitor, buscando adaptá-lo à mudança de voto, através da substituição da urna de pano pela urna eletrônica. Por volta de meia noite do mesmo dia da eleição, a população ficou sabendo dos resultados oficiais. Em João Pessoa, Cícero Lucena (PMDB) disputou um novo mandato e saiu vitorioso, derrotando como principal adversário o deputado federal Luiz Couto, do PT. Não faltaram denúncias e insinuações de fraudes, com a Justiça sendo acionada para dirimir pendências. Mas o próprio Tribunal Superior Eleitoral testou a legitimidade da urna como anteparo a possibilidades de fraudes e outros tipos de desvirtuamento da disputa eleitoral. Havia consenso, entre membros da Corte Eleitoral, que a urna eletrônica não era infalível mas oferecia uma margem maior de segurança quanto à lisura das eleições, normalmente acirradas em cidades do interior.
A secretária de Informática do Tribunal Regional Eleitoral, Ivany Mesquita, culpou a classe política pela falta de orientação aos eleitores sobre o novo processo. “Nós ensinamos a votar, mas em quem votar é uma tarefa dos candidatos e dos partidos”, acentuou ela, adiantando que dos mais de 5 mil municípios brasileiros somente a cidade de Bayeux, na Grande João Pessoa, teve reclamações de postulantes e denúncias de que eleitores teriam apertado o número de um candidato e, na tela, surgia a foto de concorrente. Ivany Mesquita qualificou o sistema implantado no Brasil como o mais moderno do mundo, mais moderno, inclusive, do que o sistema dos Estados Unidos. Ademilson José pontuava que apesar do blá-blá-blá sobre urna eletrônica, a conclusão a que se chegava era a de que se tornara o melhor experimento do mundo. O jornalista autor do livro vaticinava: “Em 2002, o Brasil que votará até às 17h já direito de ver às 20h o novo presidente da República dando entrevista no Palácio do Planalto.
As eleições de 2000 estiveram tão radicalizadas em alguns centros urbanos que foi necessário reforço policial para manter a segurança e tranquilizar a própria população. Em termos de números, o PMDB saiu das urnas com a maior legenda estadual. De 223 novos prefeitos eleitos ou reeleitos, 83 eram fliados ao PMDB. O extinto PFL ficou em segundo lugar com 59 administradores e o PSDB foi para o terceiro, com 23 gestores eleitos. O PT havia se preparado para conquistar pelo menos dez prefeituras – só arrebanhou duas. Dos 223 prefeitos eleitos ou reeleitos, apenas 17 eram do sexo feminino. As mulheres foram confirmadas em 15 prefeituras e destas somente seis obtiveram a reeleição em 2000: Léa Toscano, em Guarabira, Joanita Leal de Brito em Boqueirão, Francisca Santa Nóbrega em Vieirópolis, Maria de Fátima Batista em São Sebastião do Umbuzeiro, Maria Luiza do Nascimento Silva em Sobrado e Terezinha Nóbrega de Morais em Tavares. Os primeiros prefeitos paraibanos do novo milênio exerceram papel-chave nos desdobramentos da conjuntura no plano estadual. O experimento do voto eletrônico veio para ficar. Já outros penduricalhos adotados na legislação tiveram sobrevivência fugaz.
Nonato Guedes