Na política brasileira, tornou-se praxe, assim que termina uma eleição, planejar a mais próxima que está no calendário. Assim é que mal se encerrou a contagem oficial de votos das eleições municipais para prefeitos, vice-prefeitos e vereadores, sequer está agendada a data da proclamação dos vitoriosos e…já estamos em 2018. Não se surpreendam. Nos bastidores políticos, as projeções correm soltas, lépidas e fagueiras para a disputa de 2018, em torno do Palácio da Redenção. O atual governador Ricardo Coutinho (PSB), que cumpre segundo mandato, deverá estar disponível para concorrer a outro mandato eletivo – teoricamente o de senador. Dependendo das circunstâncias, RC pode trocar o Senado por uma vaga de deputado federal. Tem tempo de sobra para se definir e, ao que tudo indica, guarda potencial eleitoral para se sair bem numa majoritária.
As derrotas para prefeito de João Pessoa e Campina Grande em 2016, já no primeiro turno, foram crudelíssimas para o chefe do executivo estadual. Especialmente o resultado de João Pessoa. Ele tinha opções viáveis para testar – e talvez devesse ter apostado mais no projeto de candidatura do secretário João Azevedo, que ocupa a Infraestrutura e que foi o primeiro nome lançado dentro do esquema, ao invés de ter apostado fichas na professora Cida Ramos. É o que se diz, hoje, à boca pequena, no próprio círculo do governador, para não contrariar seu humor. Está-se tratando, é claro, de hipótese, que é sempre uma hipótese ou uma variável. Fazer profecia em torno de fatos consumados nem sempre é um exercício apreciado por muitos, que enxergam nisso um certo oportunismo, uma tentação de exibição de dons divinotórios que ninguém possui. Para o bem ou para o mal, a página está virada no que diz respeito a 2016. 2018 está aí. E é isto mesmo!
Alguns repórteres e comentaristas de sites e portais já dão tratos à bola e tentam antecipar o jogo como se dispusessem de bolas de cristal. Não dispõem e as conjecturas que formulam estão passando longe do rio Sanhauá e das cercanias do Palácio da Redenção. Pensem no nome de Gervásio Maia Filho, deputado estadual e futuro presidente da Assembleia, como candidato à sucessão de Ricardo Coutinho. Gervásio é jovem, tem grife política (seu pai foi presidente da AL e candidato a vice-governador), está antecipadamente ungido futuro presidente da Assembleia, conforme votação que se fez à época em que Adriano Galdino foi eleito dirigente da atual legislatura. E, enfim, está no PSB. Foi atraído para a legenda por persuasão do governador Ricardo Coutinho, que se somou à inapetência de Gervásio para permanecer no PMDB, onde não teria chances de ser candidato sequer a prefeito da Capital, como se viu no desenho de 2016, com o deputado federal Manoel Júnior escalado para vice de Luciano Cartaxo. A verdade é que o senador José Maranhão, consultando seus botões, achou mais prudente não lançar candidatura própria em João Pessoa. Foi, então, que surgiu a chance de indicar um vice para Cartaxo. Negócio feito.
Especulou-se muito na campanha deste ano que a partir de 2018 a prefeitura seria ocupada efetivamente por Manoel Júnior, pois Luciano Cartaxo deverá renunciar para ser candidato a governador numa coligação de forças políticas ampliadas. Nos últimos debates de que participou, Cartaxo cuidou de desfazer a fofoca, garantindo que cumprirá integralmente o segundo mandato, a exemplo do que está fazendo em relação ao primeiro. Era tático que ele fizesse isto para que não restasse qualquer dúvida do seu compromisso com a população da Capital. Passou. No cenário realístico propriamente dito, não numa Macondo imaginária de Gabriel Garcia Marquez, Cartaxo é candidatíssimo ao governo do Estado em 2018. Sempre foi desde que sentou na cadeira de prefeito pela primeira vez.
Os nomes mais em evidência para disputar o governo em 2018 têm sido os do senador Cássio Cunha Lima, do senador José Maranhão e, ultimamente, do senador Raimundo Lira. Este assumiu com a renúncia de Vital do Rêgo, nomeado para ministro do Tribunal de Contas da União. Nada impede que Lira seja postulante – não necessariamente pelo PMDB, onde Maranhão dá as cartas, em termos de mando na estrutura partidária. Foi levantada a hipótese de que Lira viesse a ser o candidato de Ricardo Coutinho ao governo. Mas, e se Ricardo optar por Gervásio, lançando-se ele e Lira ao Senado em 2018? Como se vê, o cenário promete acomodações, alternativas. Não há roda fechada na análise das projeções para o futuro à vista. Quanto a Cássio, pode se acomodar num mandato de federal ou disputar o governo com outro agrupamento de forças. Sobrando, mesmo, parece estar Veneziano Vital, que obteve amargo insucesso como candidato a prefeito de Campina Grande este ano, não indo sequer ao segundo turno. Os tempos são outros. Apostar em quadros emergentes é sempre um bom negócio se esses quadros tiverem algum cacife. Não foi o caso de Cida. Veneziano já estava “velho” para concorrer em Campina, por mais que etariamente seja mais jovem do que Romero Rodrigues. Política é fascinante porque é um jogo com muitas peças e muitos lugares para encaixe. Mas exige agudeza, habilidade, perícia. Este é o segredo da questão.
Nonato Guedes