Cogitado para vir a ser o candidato do PSB ao governo do Estado em 2018, embora desfaça as especulações nesse sentido e advirta que o momento ainda é de avaliação das eleições municipais deste ano, o deputado estadual Gervásio Filho poderá ter duas concorrentes caso leve à frente o projeto de suceder ao governador Ricardo Coutinho. Dentro do PSB, no qual ingressou após divergências com o deputado Manoel Júnior e a cúpula peemedebista, Gervásio poderá enfrentar em disputa interna a deputada estadual Estelizabel Bezerra, que está no primeiro mandato parlamentar e que em 2012 foi candidata a prefeita de João Pessoa, ficando em terceiro lugar. Fora do PSB mas ainda no agrupamento que dá sustentação ao governador Ricardo Coutinho, Gervásio depara-se com outra mulher, a vice-governadora Lígia Feliciano, do PDT, mulher do deputado federal Damião Feliciano.
Lígia tinha a expectativa natural de assumir o governo do Estado com uma renúncia de Ricardo para concorrer ao Senado em 2018. Nessa hipótese, ela completaria o mandato e ainda teria, legalmente, a possibilidade de disputar a reeleição ao governo pela sua legenda, onde não sofre contestação, mas confiante em que viesse a ter o apoio de Ricardo e de outras lideranças do PSB. A insinuação feita por Ricardo, ontem, de que pode permanecer no governo até o fim, sem disputar mandato, teria levado interlocutores da vice-governadora a propor que seu grupo fizesse pesquisas de opinião pública para aferir suas chances numa disputa majoritária estadual. Na sequência, a tática seria massificar a sua imagem, independente do resultado das pesquisas e, sobretudo, se apontarem elevado grau de desconhecimento do seu nome. Médica, Lígia já foi candidata a prefeita de Campina Grande, sem êxito. Ela foi indicada vice de Ricardo na chapa da reeleição em 2014 à undécima hora.
No que diz respeito a Estelizabel Bezerra, ela conta com o governador Ricardo Coutinho como o grande trunfo para alavancar uma possível candidatura ao Executivo estadual. Mas o ingresso de Gervásio na legenda socialista atrapalhou os planos de Estelizabel, gerando uma emulação que terá que ser arbitrada no momento oportuno pelo governador, dada a sua condição de comandante do esquema. Uma fonte bastante ligada ao governador revelou “em off” que Ricardo está mexendo antecipadamente no tabuleiro político estadual para extrair definições ou pretensões que possam balizar seu comportamento no futuro. Teria sido em razão disso que ele admitiu a hipótese de ficar no governo até o último dia. Uma outra pedra do tabuleiro foi o rumor de que ele poderia deixar o PSB diante de provável aliança nacional da legenda com os tucanos.
Ao promover o encontro com prefeitos eleitos e reeleitos pelo PSB, ontem, em João Pessoa, Coutinho procurou reforçar sua liderança e estreitar laços com líderes que possam acompanhá-lo em qualquer opção partidária que vier a tomar. Soube-se, ainda, que a estratégia de Ricardo, denominada de “estonteante” por um aliado íntimo, teria em vista, também, confundir a oposição sobre seus planos reais e fazer com que líderes como Cássio Cunha Lima e José Maranhão “mordam a isca” e ponham na mesa, de público, o que estão articulando para dentro de dois anos na conjuntura local.
Na reunião com lideranças socialistas, Ricardo enfatizou que pretende prestigiar os prefeitos do PSB mas, ao mesmo tempo, deseja firmar parcerias com gestores filiados a outras agremiações políticas. O deputado Hervázio Bezerra, líder do governo na Assembleia Legislativa, não vê razões para maior açodamento. “Acabamos de sair de um pleito renhido nos municípios e a hora é de recomposição de forças. Há bastante tempo para se falar sobre 2018”, despista ele.
Por Nonato Guedes