A perspectiva de candidatura do presidente da Câmara Municipal de João Pessoa, Durval Ferreira (PP) à reeleição, começa a ser contestada nos bastidores, onde alguns integrantes da próxima legislatura tentam lançar nomes alternativos para o páreo. A sexta tentativa de Durval em presidir a Casa de Napoleão Laureano enfrenta resistência aberta da vereadora reeleita Raíssa Lacerda, do PSD. Ela diz que não nega os méritos de Durval na condução dos trabalhos em todo esse período, admitindo, mesmo, que ele se portou com “maestria”, atuando de forma colegiada na tomada de decisões importantes, mas considera que é hora de se dar vez a outros componentes do legislativo mirim.
Filha do ex-vice-governador José Lacerda Neto, que bateu récorde no exercício de mandatos na Assembleia Legislativa, Raíssa pontuou que está aberta a um diálogo em torno de opções, mas exclui ostensivamente a hipótese de apoiar uma nova recondução de Durval Ferreira. A vereadora salientou, mais, que pretende se empenhar para que a Mesa tenha um caráter eclético, acolhendo expoentes da situação e da oposição. “Esta é a fórmula mais democrática com a qual devemos nos comprometer”, expressou ela. A vereadora Eliza Virgínia, que foi reeleita pelo PSDB, também externou a intenção de lutar pela presidência, invocando a necessidade de espaço para a representação femimina no parlamento da Capital. Mas preveniu que ainda vai consolidar contatos políticos para avaliar suas chances reais de ascender à direção da Câmara.
Durval Ferreira conta com a simpatia do prefeito reeleito Luciano Cartaxo (PSD) para ocupar mais uma vez a presidência da Câmara de João Pessoa. Fontes ligadas ao prefeito ressaltam que ele não cogita interferir diretamente no processo, por ser da alçada de outro poder, que ele respeita e ao qual já pertenceu. Mas deixou escapar que não se oporia a um novo mandato de Durval Ferreira, pela convicção de que ele colaboraria com a sua administração na tramitação de matérias de interesse público que serão enviadas. O vereador Lucas Brito, do PSL, colocou seu nome à disposição, bem como os vereadores Marcus Vinícius, do PSDB, Helton Renê, do PCdoB e Leo Bezerra, do PSB. Raíssa Lacerda é respeitada pelas lutas que empreende com vistas a fortalecer a representatividade feminina na Câmara. Há duas décadas, protestou ao constatar que não havia nenhuma mulher ocupando cargo na Mesa Diretora. A insistência de Raíssa fez com que ela ascendesse a uma vice-presidência. Agora, sua ambição mira a cadeira de Durval.
O vereador Lucas Brito frisou que também é favorável à composição de Mesa eclética no legislativo pessoense. “A Casa tem histórico e maturidade suficiente para institucionalizar o dispositivo do ecletismo, que é expressão do regime democrático”, explica o parlamentar, advertindo que uma Mesa não eclética torna-se belicosa e dificulta o próprio entendimento para agilização de votação de projetos e matérias de relevância. A expectativa entre os analistas políticos é de confronto entre os esquemas do governador Ricardo Coutinho e do prefeito Luciano Cartaxo pelo controle da Mesa da Câmara Municopal de João Pessoa. Sobre a pretensão de Durval Ferreira de candidatar-se novamente, Raíssa Lacerda é enfática:
– Respeito o direito do presidente de postular a recondução ao cargo, mas deixo consignado o meu pomto de vista de que a presidência do colegiado legislativo não pode ser um cargo vitalício. A permanência prolongada de dirigentes no comando é desgastante para a própria imagem da instituição, principalmente porque há um sentimento muto forte, a nível nacional, postulando pela oxigenação de quadros e valores, e o legislativo pessoense não pode ficar indiferente ou alheio a essa movimentação que contamina segmentos da própria opinião pública.
Por Nonato Guedes