Responsável por presidir a CPI da Petrobras na Câmara em 2015, o deputado federal Hugo Motta (PMDB-PB) depôs nesta terça-feira, 18, como testemunha da mulher de Eduardo Cunha (PMDB), Cláudia Cruz, na ação penal que ela responde na Operação Lava Jato. Diante do juiz Sérgio Moro, o parlamentar disse ter desenvolvido uma relação de amizade com o ex-presidente da Câmara, mas afirmou que Eduardo Cunha nunca lhe deu nenhuma explicação sobre a origem do dinheiro em contas na Suíça descobertas pela Lava Jato com apoio de procuradores do país europeu.
Desenvolvi depois dessa convivência no parlamento uma relação de amizade (com Eduardo Cunha), mas nunca tratei especificamente desses temas de processos, até porque não tenho nada a ver com essa situação. Eu fazia meu trabalho na CPI independente dessas citações ao deputado Eduardo Cunha, disse o deputado ao ser questionado pelo Ministério Público Federal.
O representante do MPF, então, indagou Motta: O deputado Eduardo Cunha nunca comentou ou deu alguma explicação a respeito da origem desses valores que apareceram em nome dele na Suíça?
Não, comigo não, respondeu o deputado.
Descobertos por investigadores suíços e encaminhados ao Brasil, os documentos sobre a movimentação milionária de Cunha e seus familiares em contas secretas no exterior foram utilizados nas investigações da Lava Jato contra o peemedebista, que atualmente é réu em duas ações penais decorrentes da operação, sendo uma delas justamente por movimentar no exterior dinheiro que teria recebido do esquema de corrupção na Petrobras.
Desde que o caso veio à tona, Cunha nega ser o verdadeiro titular das contas no exterior e também nega envolvimento em irregularidades.
A ação contra sua mulher Cláudia Cruz, na qual Motta depôs nesta terça também tem como base as movimentações no exterior do casal. Nesta acusação, a Lava Jato aponta que Cláudia teria lavado e evadido mais de US$ 1 milhão em contas no exterior recebidos de seu marido no esquema de corrupção na Petrobras. Esta quantia teria sido utilizada por Cláudia em compras de luxo nas viagens no exterior.
Aliado de Cunha, o deputado Hugo Motta presidiu a CPI da Petrobras na Câmara em 2015. Foi nesta comissão que Cunha depôs e negou ser o titular das contas na Suíça identificadas pelo Ministério Público daquele país. O episódio serviu como base para o pedido de cassação do peemedebista, cujo processo foi concluído no dia 12 de setembro no plenário da Câmara com um placar de 450 a 10 pela perda do mandato de Cunha.
No final do ano passado, a CPI presidida por Motta concluiu seus trabalhos sem pedir o indiciamento de nenhum político.
Fonte: Estadão