O cantor Chico Cesar provocou um estrondoso uníssono de Fora Temer durante sua apresentação, na noite de domingo (23), na Bienal Brasil do Livro e da Leitura de Brasília. Justamente por estar no centro do poder, ele cantou uma das canções recentes da música brasileira mais contundentes ao sistema político e econômico do País. O show, realizado no anel interno de entorno do monumental Estádio Mané Garrincha, uma construção alvo de denúncia de superfaturamento no valor de R$ 431 milhões, foi acompanhado por cerca de 300 pessoas.
Inspirado, Chico, mesmo com uma versão reduzida de sua banda (além do próprio na voz e na guitarra, a esplêndida Simone Soul na bateria e o faz tudo Helinho Medeiros no teclado e no acordeom), mostrou todo o repertório de seu belo disco Estado de Poesia, além de canções que o tornaram conhecido, como Mama África e À Primeira Vista. Em um determinado momento, ele pediu que um roadie trouxesse a letra da próxima música que cantaria.
O ajudante entrou com uma estante de partitura e quatro folhas coladas umas às outras. Eram os versos de Reis do Agronegócio, uma letra de Carlos Rennó e música de Chico. Seus dois primeiros versos dizem o seguinte: Vocês se elegem e legislam, feito cínicos / Em causa própria ou de empresa coligada: / O frigo, a múlti de transgene e agentes químicos / Que bancam cada deputado da bancada / Té comunista cai no lobby antiecológico / Do ruralista cujo clã é um grande clube / Inclui até quem é racista e homofóbico / Vocês abafam, mas tá tudo no youtube / Vocês que enxotam o que luta por justiça; /
Vocês que oprimem quem produz e que preserva / Vocês que pilham, assediam e cobiçam / A terra indígena, o quilombo e a reserva / Vocês que podam e que fodem e que ferram / Quem represente pela frente uma barreira / Seja o posseiro, o seringueiro ou o sem-terra / O extrativista, o ambientalista ou a freira.
Ao terminar a canção protesto bob dyleana, que Chico já havia cantado em abril de 2015, na Câmara dos Deputados, os gritos de “Fora Temer”, com braços erguidos, eram praticamente unânimes na plateia. O artista ganhou mais força em seu discurso e voltou a falar dos políticos corruptos, desejando em seu ápice que todos morressem, que jamais fariam falta e pedindo morte ao capitalismo.
Fonte: O Estadão