Exclusivo: Em telefonema direto de Brasília, o deputado federal Damião Feliciano (PDT), marido da vice-governadora Lígia Feliciano, descartou qualquer pressão por parte do “clã” junto ao governador Ricardo Coutinho para que ele se desincompatibilize do cargo e dispute mandato eletivo em 2018, permitindo, assim, a ascensão da sua companheira de chapa ao Palácio da Redenção. “A decisão de ficar no governo do Estado ou de ser candidato a um outro posto eletivo é unilateral e, portanto, não cabe nenhuma insinuação e muito menos pressão da parte de quem quer que seja. Tanto eu como Lígia respeitamos o posicionamento do governador, seja ele qual for, e posso assegurar que continuaremos ao seu lado”, expressou Damião Feliciano.
O parlamentar repercutiu comentário de iniciativa do jornalista Nonato Guedes, veiculado neste site, em que ele fala da aspiração do “clã” Feliciano quanto a uma ascensão de Lígia à chefia do Executivo, o que seria viável se o governador socialista se afastasse para concorrer ao Senado ou a um mandato na Câmara Federal. O comentarista lembrou que o atual senador José Maranhão (PMDB) ascendeu automaticamente ao governo do Estado em 1995 por outra razão – morte do titular do cargo. Ele era vice do governador eleito Antônio Mariz, que enfrentou problemas de saúde graves e teve que ser levado para o Instituto do Coração em São Paulo. O quadro clínico de Mariz, entretanto, era irreversível e ele faleceu em João Pessoa. Maranhão cumpriu o restante do mandato e em 98, beneficiado com a aprovação da proposta que permitia reeleição, concorreu ao cargo de governador e foi eleito, derrotando o principal adversário, Gilvan Freire, então filiado ao PSB.
Na conjuntura atual, o governador Ricardo Coutinho emitiu declarações sinalizando com a possibilidade de permanecer no Palácio da Redenção até o último dia do mandato, em janeiro de 2019, devido à situação financeira grave porque passa o Estado e que já motivou um pedido de audiência do gestor socialista ao presidente Michel Temer. O jornalista Nonato Guedes observou, no comentário, que, por analogia, o “clã” pedetista vive a expectativa de Ricardo renunciar para disputar o Senado. Nesse caso, a vice, doutora Lígia Feliciano, assumiria o cargo para completar o mandato e poderia cogitar a perspectiva de candidatar-se – nessa hipótese – à reeleição. “Respeito a análise do jornalista, que menciona fatos históricos reais para argumentar uma ilação que é subjetiva porque o tema de desincompatibilização do governador Ricardo Coutinho não está na ordem do dia nem foi mencionado por ele no quadro de opções que terá pela frente. A nossa posição não poderia ser outra senão a de expectativa, jamais de cobrança e muito menos de pressão. Mas é evidente que Lígia está preparada para assumir a titularidade na eventualidade posta – aliás, ela foi escolhida como candidata graças à confiança da parte do governador”, expressou o deputado Damião Feliciano.
A indicação da doutora Lígia Feliciano para candidata a vice na chapa com que Ricardo concorreu à reeleição em 2014 foi processada na undécima hora dos prazos legais para efeito de registro de concorrentes àquele pleito. Foi uma escolha que, de certa forma, provocou surpresa nos meios políticos até se comprovar que ela atendeu a uma estratégia de Ricardo Coutinho para contemplar Campina Grande, segundo maior colégio eleitoral do Estado. RC havia rompido, há pouco tempo, a aliança com o grupo Cunha Lima, liderado pelo senador Cássio, do PSDB, e concluiu, nas suas análises, que era preciso garantir a representatividade campinense, o que se deu. Lígia Feliciano, em outra oportunidade, já havia disputado a prefeitura da Rainha da Borborema, enquanto Damião mantém atuação profícua na Câmara dos Deputados em Brasília.
Nos meios políticos paraibanos tem circulado a versão de que o candidato “in pectoris” de Ricardo para a sua sucessão seria o deputado estadual Gervásio Maia Filho, que a partir de fevereiro próximo assume a presidência da Assembleia Legislativa em substituição a Adriano Galdino. Os rumores teriam sido confirmados em face do desligamento de Gervásio dos quadros do PMDB, com sua consequente filiação ao PSB, que o governador preside no Estado. Ainda hoje, Gervásio desconversou sobre a provável candidatura ao governo, lembrando que há desafios imediatos a serem encarados e sugerindo que o pleito de 2018 seja discutido política e partidariamente no momento oportuno.