O empresário, jornalista e expoente do “marketing” Carlos Roberto de Oliveira faleceu hoje aos 74 anos de idade em João Pessoa, vítima de infarto. Ele havia jogado pelada num campo de futebol, como sempre fazia, e se dirigido para sua residência. Lá chegando, queixou-se de complicações e foi levado para o hospital da Unimed, onde faleceu. Natural de João Pessoa, Carlos Roberto Alves de Oliveira foi pioneiro do “marketing” na Paraíba e na realização de pesquisas, sobretudo eleitorais, com métodos profissionais. Ele também ocupou a secretaria de Comunicação do Estado no primeiro governo de Tarcísio Burity, a partir de 1979. Os dois foram colegas de Seminário Arquidiocesano na Capital paraibana.
“Sem dúvida, era um inovador”, comentou o governador Ricardo Coutinho, lamentando o falecimento de Carlos. O jornalista Luís Torres, secretário de Comunicação do atual governo, definiu Carlos Roberto como mestre de gerações que se seguiram no marketing e nas pesquisas. Carlos Roberto deixou viúva a médica Ivanilda Alves de Oliveira e duas filhas. Ele foi mentor de agências de publicidade como a Chroma e institutos de pesquisas, como o Brasmarket, chegando a coordenar realização de pesquisas eleitorais para publicação na revista ISTOÉ. No campo jornalístico, atuou no “Correio da Paraíba”. Criou editoras, a primeira delas a “Acauã”, com a participação de Gonzaga Rodrigues e Nathanael Alves, para divulgação de obras de autores paraibanos.
Ultimamente estava no comando da Forma Editorial Ltda, que publicou títulos inúmeros, como “A Fala do Poder” (Nonato Guedes), “O Evangelho nos Nossos Dias”, de dom Aldo Pagotto e “Guiadas pela Justiça, movidas pela Fé”, de autoria da desembargadora Fátima Bezerra Cavalcanti, que até pouco tempo foi presidente do Tribunal de Justiça do Estado. Carlos Roberto também abriu espaço para a publicação de livros destinados ao segmento infantil e investiu em reedições de livros, tais como os de folclore político, de autoria do ex-prefeito de Patos Zé Cavalcante. Na secretaria de Comunicação Social, no governo Burity I, conseguiu a meta de promover o ex-governador Tarcísio de Miranda Burity na mídia nacional, a partir de entrevista que ocupou as páginas amarelas da revista “Veja”.
Carlos Roberto de Oliveira contrariou interesses quando secretário de Comunicação, tanto junto a empresas jornalísticas locais como junto a integrantes da classe política que tinham ciúmes do seu trânsito e prestígio com Tarcísio Burity. Ele teve que deixar a pasta da Secom no bojo de acusações levantadas por diretores do Sistema Correio de Comunicação sobre suposta “chantagem” no projeto de liberação de um canal de televisão para João Pessoa. Divulgou-se que havia uma conversa gravada e que teria se realizado no restaurante Peixada do João, na orla marítima, com dirigentes do Correio. O episódio tornou-se rumoroso e o semanário O Momento, dirigido por Jório de Lira Machado, publicou trechos do que seria a conversa entre Carlos e os empresários do Correio. O governador Burity ponderou, diante da repercussão do chamado “escândalo da fita”, que seria melhor para Carlos e para o governo que ele se afastasse do cargo. Carlos Roberto, já sem os poderes de secretário, foi ao Rio de Janeiro periciar a fita no Instituto Carlos Éboli. Para ele, não ficou comprovado que tenha havido “chantagem” da sua parte para beneficiá-lo na transação, mas Carlos não voltou mais ao poder, até porque Burity tinha outros desafios a enfrentar na administração. O sepultamento de Carlos Roberto acontece na tarde desta segunda-feira (31) no cemitério Parque das Acácias.
Por NONATO GUEDES