O senador Lindbergh Farias (PT-RJ) não descarta a hipótese de ser candidato à presidência nacional do Partido dos Trabalhadores, em substituição a Rui Falcão (SP). Natural de João Pessoa (PB), Lindbergh afirmou em entrevista ao programa Jogo de Carta, exibido pelo site de CartaCapital e mediado por Mino Carta, que além do seu nome estão sendo ventilados outros como o do prefeito não reeleito de São Paulo, Fernando Hadad, que foi ministro da Educação no governo de Dilma Rousseff. “Há uma ideia de renovação no PT. Ainda não sou candidato, mas não diria que não serei”, comentou Lindbergh Farias.
Crítico de erros cometidos pela ex-presidente Dilma Rousseff, Lindbergh Farias, que é mais afinado com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, admite que na atual conjuntura política nacional não é fácil ser presidente do PT. “Estamos enfrentando, atualmente, um processo de criminalização do partido e da esquerda como um todo, com essa caçada a Lula”, enfatizou Farias. Ele defende a tese de que os aliados do governo Temer estão atuando para desmontar conquistas sociais e trabalhistas. “Eles querem acabar com o legado de Lula, de Ulysses Guimarães, estão rasgando a Constituição Cidadã com essa PEC 241 e também o legado de Getúlio Vargas com ataques à Consolidação das Leis do Trabalho”.
Lindbergh Farias prossegue: “É um golpe continuado, de classe, conduzido por elites brasileiras que nunca tiveram compromisso com a democracia. Os objetivos começam a aparecer: restaurar o neoliberalismo, entregar o pré-sal aos estrangeiros. No Brasil, temos uma das maiores taxas de juros do mundo. Na Europa, os juros são negativos”. O senador acredita que o receituário ministrado pelo governo do presidente Michel Temer vai arrastar a sociedade brasileira para uma estagnação de muitos anos. Cita como exemplos que o desemprego está crescendo e que as famílias estão ficando endividadas. No que diz respeito às medidas do governo de Dilma Rousseff, Lindbergh admite que sua equipe econômica acertou ao baixar a taxa de juros mas a política de desoneração no primeiro mandato foi um erro grosseiro.
– Poderíamos ter feito um plano de investimento público para o País urbinar. Em momento de desaceleração econômica, quando se faz desoneração, o empresário bota o dinheiro no bolso. O erro fatal foi convidar Joaquim Levy para assumir o Ministério da Fazenda. Ele tocou um ajuste draconiano – analisa Farias. Para ele, se Dilma não tivesse apostado nesse caminho, o cenário seria outro. “Acho que não teria havido o impeachment. Com o ajuste de Levy, aumentou o desemprego, houve um tarifaço. Dilma perdeu apoio na base popular. O curioso é que os defensores da PEC 241 denunciam a “gastança dos governos do PT”. Isso é uma falácia. Na verdade, o governo Temer está esticando o Plano Levy por 20 anos.
Lindbergh Farias informou que a troca de comando nacional no PT deverá ocorrer até o primeiro semestre do próximo ano. O congresso do partido deverá ser realizado em março, mas no dia nove de dezembro haverá uma reunião do diretório nacional, em que será definido o calendário de debate interno. “Tem muita gente que quer mudar de rumo, no PT, aproximar o partido das ruas”, frisou. Ele não acredita que haja risco de ocorrer uma grande debandada de filiados à legenda. “A criação de novos partidos tem de surgir como um gesto heroico, grandioso. No atual momento, de ataque violentíssimo a Lula, e de resultado eleitoral adverso, sair do partido não é um gesto de coragem”, finaliza o senador Lindbergh Farias.
Por NONATO GUEDES