O vice-prefeito de João Pessoa, jornalista Nonato Bandeira (PPS), que está concluindo sua passagem pela administração municipal, lamenta a falta de diálogo por parte do prefeito Luciano Cartaxo, com quem foi eleito em 2012 e que, segundo ele, preferiu atuar no primeiro mandato com um grupo próprio e seleto. Com isto, segundo Bandeira, foi afastada a possibilidade de apoio ou parceria para a realização de programas em que o vice estava empenhado, um deles focado no estímulo a portadores de deficiências especiais. “Não vou fazer o papel de coitadinho, apenas constato fatos. Sei que tudo isso decorreu de uma opção que o prefeito resolveu tomar, mas eu esperava que houvesse clima para uma colaboração mais efetiva da minha parte em benefício da população pessoense. Infelizmente, não foi o que aconteceu”, desabafou o vice-prefeito numa conversa exclusiva com o site Os Guedes.
Presidente estadual do PPS, com mandato também em vias de expirar, embora tenha direito a uma reeleição, Nonato Bandeira frisou que não foi cogitada em momento algum a hipótese de sua manutenção na chapa que disputou a reeleição em 2016 e foi vitoriosa em primeiro turno, tendo Manoel Júnior, do PMDB, como vice. Ao ser indagado se o “cisma” com Luciano aprofundou-se depois da sua reaproximação com o governador Ricardo Coutinho (PSB), Nonato Bandeira comentou: “Quem primeiro se reaproximou do governador foi o prefeito, na eleição de 2014, quando seu irmão gêmeo (Lucélio) foi candidato ao Senado e perdeu”. Em termos pessoais, de acordo com Nonato, o respeito foi mantido entre o prefeito e ele, mas fora daí não houve concessões. “O prefeito não se dispôs a dividir o poder com o vice e o fato é que até em termos logísticos foi tudo retirado do meu gabinete”, expressou Bandeira, notando que por conta disso e por não ter interesse em atrapalhar a administração ou causar despesa para o município, optou por despachar numa sala da Estação Cultural no Altiplano Cabo Branco.
Historiando os fatos à reportagem, o vice-prefeito Nonato Bandeira frisou que a sua inclusão na chapa de Luciano Cartaxo como candidato a vice nas eleições de 2012, vencidas em segundo turno num confronto com o ex-senador tucano Cícero Lucena, decorreu da articulação política existente entre ele (Bandeira) e o falecido prefeito Luciano Agra, que perdeu a indicação no PSB para concorrer à reeleição e decidiu apoiar Cartaxo. Agra foi derrotado na convenção por Estelizabel Bezerra, que por sua vez ficou em terceiro lugar na disputa oficial pela prefeitura. “Quero deixar claro que encaro essas coisas com naturalidade, como decorrência da própria atividade política. O vice torna-se uma figura decorativa se não lhe é dada nenhuma atribuição. E eu não tive a confiança da parte do atual prefeito para concretizar qualquer projeto em termos de colaboração”, acentuou. Isto não o leva, porém, a avaliar como desastrosa a primeira administração de Luciano Cartaxo. “A sua reeleição em primeiro turno demonstrou que havia uma tendência favorável ao seu nome”, analisou.
Por NONATO GUEDES